quinta-feira, 29 de julho de 2010

VISITA ÀS CERÂMICAS DE CUNHA-SP







Há muito tempo que pretendia ir a Cunha-SP conhecer os fornos noborigama já famosos em todo o meio ceramista brasileiro. Queria ver de perto como é o processo completo das cerâmicas, principalmente aqueles que começaram essa onda cerâmica da cidade de Cunha. Suenaga, Jardineiro, Mieko, Cidraes, Toledo, Lei e Augusto. Estes últimos já são a influência dos primeiros, trabalharam quando jovens com os ceramistas quando estes chegaram a Cunha. Hoje, realmente, é o resultado de um trabalho de trinta e poucos anos, semeando e trabalhando com muita garra para se impor no mercado. Cunha é um show, cerâmica por todo lado. Estava acontecendo também, um festival de inverno, São Paulo baixando em peso na cidade para viver o ambiente, gastar, clima de movimentação. De noite, fogos de artifício, mais uns zurros de jegue que escutei pela madrugada adentro.
Numa das fotos coloco o ateliê de Suenaga e Jardineiro e na outra o de Lei e Augusto. Os primeiros, os pioneiros e os segundos a segunda geração, habitantes de Cunha que aprenderam trabalhando quando mais jovens.
Como vivo em Quatro Barras, dentro da região Metropolitana de Curitiba, sinto a falta de trabalhos com fornos à lenha, de alta temperatura, principalmente no estilo japonês. Aqui não existem noborigamas. No Brasil tem poucos. A cerâmica que mais me interessa é essa de origem japonesa, com ela me identifico.
Foi muito interessante olhar de perto os ateliês onde os ceramistas produzem , ver os fornos noborigamas, que hoje parecem coisas comuns em Cunha. Foi uma influência positiva que me senti gratificado e enriqueceu o meu trabalho.
Conheço muito bem as dificuldades dos ceramistas na questão da sobrevivência com o seu próprio trabalho. As vendas são difíceis porque quem está totalmente mergulhado no seu trabalho quase que se desconecta das vendas e isso representa um impecilho ao desenvolvimento do próprio trabalho. A solução encontrada por Cunha, graças à esse gigantesco esforço conjunto, foi genial=trouxe o público paulista e brasileiro para os ateliês, para ali comprarem o seu produto. Mas isso não é assim sem mais nem menos, eles tem o que mostrar, o que vender. Minha admiração!
As queimas de alta temperatura, cone 11, com vidrados de rochas, feldspatos, sílica, cinzas, argilas, são belíssimos. O efeito do forno à lenha, do próprio fogo nas peças é o que todo ceramista procura. Não é fácil desenvolver uma linha de produto que tenha a identidade da pessoa e mais, ainda, que tenha qualidade. Exige muito trabalho, dedicação, desenvolvimento técnico, espiritual, tranqüilidade, competência, tenacidade, enfim um monte de qualidades que o indivíduo precisa cultivar para evoluir no seu trabalho e apresentar resultado.
De volta prá casa, olhei com carinho, aqui no meu ateliê, para o meu forno catenário e vou mandar lenha. Um forno noborigama com duas ou mais câmaras é demasiado grande prá mim. Atualmente trabalho mais com pesquisa. Vendo minhas peças no ateliê, não tenho grande produção. No futuro, talvez, com duas câmaras, fiquei atraído.

Um comentário:

Ateliê Alexandra Camillo disse...

Cunha realmente é maravilhosa. E vejo que entendeu o porquê da minha procura pelo catenário. Quando queimar o seu, avisa. Até mais.