domingo, 27 de abril de 2008

NARCISO FALA DE SEU TRABALHO - RAKU


Um ceramista pode escolher entre uma gama enorme de linhas de trabalho. Tem várias a que me dedico. Tenho gostado, ultimamente, de trabalhar com RAKU. Preparo uma massa com aproximadamente 60% de argila plástica da região. A que uso vem do rio Miringuava,afluente do Rio Iguaçu, retirado por empresas que atuam dentro das normas do Instituto Ambiental, na cidade de São José dos Pinhais-PR. Comprei um caminhão desta argila, aproximadamente 15 toneladas, e despejei no meu terreno ao lado do meu ateliê. Possuo matéria prima para muitos anos, já que a minha produção é artesanal. Adiciono aproximadamente 15% de argila anti-plástica que coleto nas cercanias, sempre de colorações diferentes, apenas prefiro aquelas de fina granulometria. Dá para sentir a fina granulometria apertando e esfregando um pouco da amostra entre o polegar e o indicador. O tato analisa e avisa sobre a granulometria. Um corte com pá no barranco também exibe a granulometria. Se brilhar os grãos são finos, já pode ser usado sem peneirar. Uso 15% de talco industrial e , também, 10% a 15% de chamote fino. No seu livro, Bernard Leach diz que também usava na massa de peças que serão usadas para Raku uma argila vermelha da própria região onde morava.
Preparo uns 200 kgs de massa de cada vez. A argila plástica eu quebro em pedaços de 10 a 15 cm de diâmetro, jogo num boião de plástico e deixo coberto com água por uns 10 dias, para hidratar a argila. Aproveito para misturar neste mesmo boião a argila anti-plástica. Após este prazo, jogo fora o excedente de água e passo toda a massa numa maromba (amassadeira). Neste momento é que eu misturo o talco e o chamote, secos, que ajuda a equilibrar a umidade da massa. Marombo duas vezes para homogeneizar a massa e deixo uns 3 dias descansando para melhorar sua trabalhabilidade. Dependendo do trabalho que estou a fim de executar, coloco chamote mais fino ou mais grosso, para efeito de textura.
Esta massa pode ser usada para modelado direto, esticar placas e tornear.
Depois de prontas e secadas as peças, queimo em forno de resistência elétrica a 800 oC, num ciclo de queima de 8 a 9 horas, dependendo da grossura das peças e da carga do forno.
RAKU, TEM MAIS! A queima, a redução, os vidrados, as vivências, os maçaricos, o forno....Aguarde!
A foto é um copper mate num vaso torneado.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Narciso Blogger divulga sua CERÂMICA


Hei, Mundo, estou começando a contar prá vocês o que estou fazendo em Cerâmica. Estou na Região Metropolitana de Curitiba, Estrada da Graciosa, a mais antiga do Paraná. Aqui tenho meu ateliê. Coleto argilas de barranco, escolhendo as colorações e componho massas de baixa, média e alta temperatura. Trabalho com Raku, grês, componho as massas e os vidrados. Só uso massas que eu mesmo fabrico, utilizando as matérias-primas que encontro na região, alguns comprados, é claro. Argilas vermelhas, brancas, caulins, feldspatos, filitos, etc. Construo também fornos de baixa temperatura, 800 graus centígrados, para cerâmica artesanal, para queima com lenha. Também construo fornos de alta, com tijolos isolantes, para 1300 graus centígrados. O forno, este último é cilíndrico nos moldes ensinados pelo Chiti (J.H.Chiti - Argentina), com cálculos da aberturas de entrada, capacidade dos maçaricos (calorias), e abertura de saída. Acabo de voltar da Argentina, onde fiz um curso com Chiti, no Instituto Condorhuasi, sobre massa de porcelana, vermelho sangue de boi e construção de fornos.Tenho também forno de Raku, por mim calculado e construído. Hoje, por exemplo, fiz 3 queimas de Raku, Testei alguns vidrados. Gostei de um azul, com óxido de cobalto, 0,5%, com estanho e caulim, mais vidrado alcalino o resultado é meio leitoso, o azul misturado com branco, achei lindaço. Também torneio vasos principalmente, com massa preparada para a queima correspondente.
Tem mais coisas, mas fica prá depois.....