terça-feira, 29 de março de 2011

ENCONTRO INTERNACIONAL DE CERAMISTAS Sampa-2




Os ceramistas que estavam demonstrando seu trabalho pertencem à Associação Internacional de Ceramistas. No livro "Circuit Céramique à Sèvres" da Académie Internationale de la Céramique onde aparecem as fotos dos trabalhos da Exposição de 2010, todos lá ( menos o Natan Linch) estão. Aliás, a Norma Grimberg também. Isso abre um leque de possibilidades para outros eventos, possivelmente.
Sobre Vilma Villaverde, vi o dvd que ela distribuiu para muitos sobre o mestre dela. Gostei.O trabalho dela é muito feminino, erótico, forte e ela transmite isso de forma eloquente. O Francês Jaques Kaufmann ficou incomodado com as figuras femininas que ela insere em louça sanitária, mas daí já está feito, arte é para isso, incomodar, espantar. Assistir ao trabalho da Vilma, depois comparar com o catálogo, ver a amplitude, a escala possível, pois ela precisava fazer uma obra que ficasse pronta antes do térmico do Encontro, foi muito bom e gratificante.
Cada participante do encontro pode dedicar seu tempo ao trabalho com o qual se identicava e por isso a variedade possibilitou o acesso constante ao aprendizado, de todos. Não vi ninguém que se sentisse desistimulado.
O trabalho do Natan de modelado com placas foi interessante e sugeriu caminhos. O Frances Kaufmann não se preocupou com a obra em si mesma, mas no modo de trabalhar, no modo de pensar o fazer artístico e por isso foi admirado. Quase se expos com isso, porque todo mundo quer um resultado que surpreenda, que justifique a presença, o que é bobagem, claro. O que realmente manda é o que ele pensa, o que move o trabalho. Neste sentido é até interessante quando a gente vê ele se batendo um pouco, apressado, tropeçando no maçarico, coisas normais de quem se entrega à construção de algo, totalmente, com voracidade.
Evidentemente que muitos ceramistas que estavam no Encontro tem trabalho sedimentado, tem capacidade e resultado de qualidade, ou tem tem futuro garantido. As oportunidades talvez nem sempre sejam as melhores, não dá para esquecer que estamos no nosso mundinho terceiro.

VIVÊNCIA DE RAKU-16 ABRIL



VIVÊNCIA PORANGABA

ESTOU CONVIDANDO VOCÊ PARA UMA VIVÊNCIA/OFICINA DE RAKU, NO MEU ATELIÊ DE CERÂMICA, NO SÁBADO, DIA 16 ABRIL DE 2011.

O QUE É A VIVÊNCIA PORANGABA
É uma Oficina Cerâmica, prática, que acontece no Sítio Porangaba, em Quatro Barras-PR, num ateliê cercado pela Natureza, na histórica Estrada da Graciosa. Serão 3 queimas de peças cerâmicas usando a técnica de Raku. O Raku tem sido traduzido como Simplicidade, Facilidade, até Felicidade. Não exige conhecimento cerâmico anterior. A Vivência começa às 9 horas da manhã. O almoço será servido ao meio dia, com enfoque Naturalista e opção para vegetarianos. Às 17 horas, um lanche de encerramento.
COMO ACONTECE?
Cada participante recebe 3 peças, previamente biscoitadas, as quais eu mesmo torneei e queimei. Apresento uma série de vidrados, alguns prontos e outros que serão preparados na hora. Cada um decora com vidrado suas peças (mostram-se as técnicas de decoração), uma por vez, que em seguida é queimada. Com os resultados obtidos, vamos para a segunda queima e depois para a terceira. A cada queima o participante aprimora seus resultados.
QUANTO CUSTA
O custo individual é de R$ 150,00.
CONFIRMAÇÃO
A presença deverá ser confirmada até dia 13 de abril, quarta feira. O número máximo de participantes é de 13 pessoas.
Quem quiser participar deverá inscrever-se pelo telefone 41.91452884 ou pelo e-mail= gpnarciso@hotmail.com . Nesta ocasião será fornecido um mapa de acesso.
ENDEREÇO
Estrada da Graciosa, 6609 – Bairro Campininha – Quatro Barras – PR

domingo, 27 de março de 2011

ENCONTRO INTERNACIONAL DE CERAMISTAS Sampa-1







De 22 a 25 deste mês aconteceu em São Paulo o Encontro Internacional de Ceramistas. A oportunidade, na USP, de participar de um encontro desta natureza foi diferente dos que tem acontecido aqui no Brasil. Normalmente são professores de cerâmica ou profissionais de cerâmica que vêm dar uma oficina ou ensinar uma técnica. Claro que o Contaf e o Congresso de Cerâmica de Curitiba são bons. Curitiba tem a vantagem de, paralelamente, promover o Salão Nacional de Cerâmica, o único do gênero no Brasil. Isso permite um algo mais. Em São Paulo temos sempre a pujança financeira da cidade, que tem de tudo, o coração da América do Sul. Caminhar na Paulista já é um acontecimento, não precisa mais nada, ela já é por si só. Gosto disso!
Voltando, presenciar ceramistas renomados executando sua obra é diferente. Permite uma observação mais completa. Por exemplo, a performance do Chinês Jiancheng ( Jackson) Lee na confecção de pincéis e o imprompto na decoração de peças com engobe, logo após serem torneadas por ele mesmo, mostra algo que atinge de forma direta àqueles que se sentem atraídos por esse tipo de trabalho. Eu, por exemplo. Gosto do movimento, de ter meus materiais todos à disposição e ir decidindo, ir fazendo. Seguir quase uma receita improvisada. Jackson Lee (Brush Lee) confeccionou uma porção de pincéis usando como matéria prima gomos de bambus, folhas de coqueiros, pedaços de cachos de coqueiros e foi improvisando e fazendo. Mas quando terminado e mergulhado num engobe, que foi o que ele usou, ou algum óxido (os usados foram de cobre, cobalto e ferro) transformou-se sobre a peça num instrumento maravilhoso e o resultado foi espetacular. Técnica, leveza de movimento, tradição, rapidez, resultado! Pudemos também apreciar a técnica de torneado, rápido, com o acabamento do fundo dos bowls tão característico da cerâmica oriental. A tradição de pintura com pincéis de bambu é desconhecido aqui prá nós que temos a matéria prima em abundância, porém, sem uso. O que acontece, na prática, é cada um entrar numa loja e comprar todo aquele leque de pincéis, a preços realmente altos. Estou martelando alguns bambus para ver se chego a algum resultado, mas, com certeza, chegarei.

quinta-feira, 3 de março de 2011

PREPARANDO MASSAS/PASTAS



Não tenho uma massa padrão, de trabalho, aquela que sempre faço, igual, pesada, mesmos componentes, etc. Todavia, elas são baseadas, sempre, no mesmo princípio. Quando resolvo fazer uma peça, daí é que penso na composição da massa. Se vou fazer peças para Raku/coppermate, alta temperatura, para peças que vão ao fogo direto, etc. Sempre tenho em mente o resultado final. Então, a partir disso vou compondo a massa.
Tenho um material que é a base. Uma argila muito plástica retirada de uma região próxima ao rio Iguaçu, aqui na região Metropolitana de Curtiba. Tenho algumas toneladas deste material. Sempre começo com esta argila. Sua cor de queima é avermelhada, não muito forte, acredito que contem uns 4 a 5% de ferro. Claro que quando vou queimar em baixa temperatura e quero uma coloração vermelho intensa, misturo um anti-plástico de coloração amarela, que dá o melhor resultado. A argila amarela queimada resulta vermelha, intensa.
Depois vou misturando, se quero alta temperatura, preciso adicionar caulim com alto teor de alumina, para que resista à temperatura sem deformar. Também a sílica, que aqui tenho a sericita em malha 200. Posso usar, também, uma areia fina. A sílica tem grande influencia na massa, na retração, não é recomendável usar malha 400, por exemplo. A cerâmica arqueológica está impregnada de pedaços de milímetros de sílica, que ajuda a resistir ao choque térmico, conhecimento ancestral. Para que a massa tenha boa fusibilidade, regulo a concentração de feldspato de sódio e potássio que vai ajudar, inclusive, na absorção da peça final. Uso muito o talco, que é um silicato de magnésio, material fundamental para resistir ao choque térmico. Compro na malha 200, fácil de adicionar e ainda dá um toque sedoso à massa. Aliás, para se ter intimidade com os materiais, é necessário pegá-lo na mão esfregar nos dedos e sentir a consistência. A do talco é característica a untuosidade ao tato. Aliás isso ajuda a definir o talco. A sericita é áspera, pois é sílica moída, é mais fria do que os outros materiais.Tenho argilas de diferentes procedências, argila branca, rosada, amarelas, etc. Com elas posso mudar o tom da coloração, mais clara, mais escura, mais vermelha, etc. À medida que aumentamos o número de componentes na massa, ela vai ficando cada vez melhor. Ainda tem os chamotes. Gosto de colocar chamote médio de telhas de boa qualidade, aqui compro já moída a um preço baixo.Quando queimo em alta ficam pontos pretos. Tenho chamote refratário que dá pontos claros na massa queimada tanto em alta quanto em baixa. Uso, também, chamote de quartzito que é areia com impurezas. É muito interessante. Além disso, o que aparecer de material posso adicionar: vermiculita, serragem, mineral de cobre, ferro, etc
A intimidade com os materiais é muito interessante. Saber o que é fundente, refratário, corante, resistente à temperatura, choque térmico, etc, é fundamental. Na ordem, é mais ou menos assim: Saber o que é uma argila plástica, anti-plástica, refratária, fundente, o que é um caulim, talco, feldspato, chamote, para que serve a sílica, alumina, sódio, potássio, magnésio, lítio, calcio. OLhem, praticamente é isso. Depois disso, trabalhar com os materiais.
Primeiro tenho a argila que aparece na foto, está jogada no terreno, vou usando, tenho estoque para uns 5 anos. Quebro em pedaços e coloco numa bombona. Deixo alguns dias para amolecer. Este material fica bem mole. Os outros, adiciono seco, moído. Jogo direto na maromba/amassadeira e vou, na hora, jogando a composição daquilo que já tenho separado. Veja a maromba artesanal com motor de 2 cavalos. Funciona há anos sem nenhum problema, é um jipão. Duas passadas é suficiente.A massa fica pronta em dois toques. 100 quilos tiro de letra em pouco tempo e já posso trabalhar. Posso marombar 3 vezes e daí fica super. Os chamotes grossos eu misturo depois, à mão usando o método da cara do boi. Assim também misturo outros materiais que quero inserir na massa.
Este é o método que estou usando hoje. Claro, tem o método do Bernard Leach, japonês, do Chiti, de bolsas colgantes. Misturar a úmido todos os componentes, peneirar e secar é um método bom.