terça-feira, 25 de junho de 2013

SANGUE DE BOI

 A pesquisa de Redução do óxido de cobre é um clássico que sempre atraiu os ceramistas. Normalmente o Sangue de Boi é conseguido usando como corpo cerâmico a porcelana. Não é o meu caso. Fui fazer, há alguns anos, um curso de vidrado de sangue de boi com o Maestro Chiti em Buenos, que foi muito completo. Nestes anos, tenho feito aquele vidrado sugerido pelo Maestro e muitos outros. Todavia, uso como corpo cerâmico, o grês, que é o que me interessa.  Gosto da mistura de materiais na massa e nem sempre produzo uma massa padrão para ser repetida inúmeras vezes. Gosto de inventar no  momento em que estou produzindo a massa. Posso resolver na hora adicionar um ou outro material. Por exemplo, texturizantes grosseiros (chamotes, quartzito, etc), argilas coloridas, o que me der na veneta!  Depois de torneada a peça e biscoitada, deixo na prateleira e quando resolvo fazer uma queima com redução de cobre, escolho as peças quase sempre com tons escuros.

Obtive vermelhos mais escuros, mais claros. Gosto quando aparece um pouco do verde, quando não totalmente vermelho. 
Tenho a mania de fazer vidrados escorridos e fui treinando o gestual ao derramar a solução de vidrado na peça. É rápido, no entanto, precisa um controle da situação, mas encaixa-se com o meu modo de ser= trabalho em movimento! Sincronização, controle do gesto!

Queimo, normalmente, a 1263 oC e faço a redução no final da subida e depois na descida da temperatura. O resultado positivo desse gráfico possibilitou-me repetir a experiência inúmeras vezes. A intensidade da redução é que me permite que a peça seja totalmente vermelha, ou que apareçam verdes mesclados, que é o meu gosto.
Esta foto de mata nativa, primária, da Mata Atlântica, tive o prazer de caminhar nela, semana passada, preservada à unhas e dentes.
Realmente, quase que não dá para acreditar, a insanidade humana, devastando de forma tão cega, para um desenvolvimento à qualquer preço,  é uma loucura inexplicável. Como podemos aceitar que se desmate sem qualquer dor de consciência a nossa Mata Atlântica, essa imponente vegetação, considerada como uma das maiores biodiversidades do Planeta? Somente restou menos de 8%! 
O Planeta Terra, sem sua vegetação, sem sua Biodiversidade é um ambiente estéril, sem graça, artificial, sem sentido. São bilhões de anos de evolução detonados para satisfazer o acúmulo de bem materiais para poucos.
Essa árvore é um ceboleiro, linda à emoção!

VIVÊNCIA RAKU-JULHO 2013






VIVÊNCIA PORANGABA

VIVÊNCIA DE CERÂMICA - RAKU

SÁBADO DIA 20 DE JULHO DE 2013

O QUE É A VIVÊNCIA PORANGABA?
É um acontecimento cerâmico, prático, que acontece no Sítio Porangaba,
 em Quatro Barras, num ateliê cercado pela Natureza. Serão 2 queimas
 de peças cerâmicas usando a técnica de Raku.  Não exige conhecimento 
cerâmico anterior. A Vivência começa às 9 horas da manhã. 
 O almoço será no Terra Brasil Café. Às 17 horas lanche de encerramento.

COMO ACONTECE?
Cada participante recebe 2 peças e decora com vidrado (com a devida orientação) que
 são levadas ao forno para duas queimas.

CUSTO POR PESSOA:
O valor individual é de R$ 150,00,.

CONFIRMAÇÃO:
A presença deverá ser confirmada  até dia  15 de JULHO.
 O número máximo é de 12 pessoas.
Quem quiser participar deverá inscrever-se pelo telefone 41.91452884
ou pelo e-mail= gpnarciso@hotmail.com . Nesta ocasião será fornecido um mapa de acesso.

ENDEREÇO:
Estrada da Graciosa, 6609 – Bairro Campininha – Quatro Barras – PR
GILBERTO NARCISO – Ceramista e Eng. Químico
Visite meu Blog:  gilbertonarciso.blogspot.com
Facebook/terrabrasilcafé



segunda-feira, 24 de junho de 2013

PESQUISA - RAKU com opacificantes

Sempre o céu como um teto incendido...
Primeiro plano sempre o Araucária angustifolia, nosso Pinheiro Paraná, do qual resta menos de 3% de sua quantidade quando aqui aportaram os portugueses. Mas a devastação não começou com o nosso Pinheiro, primeiro foi a zona litorânea, depois, 1885, com a construção da ferrovia Curitiba/Paranaguá, ficou fácil levar do primeiro planalto o pinheiro. Então chegou o americano Farquar que construiu a RVPSC, ferrovia cortando do Paraná ao Rio Grande do Sul, rasgando Santa Catarina, no começo do século passado. De lá prá cá sobrou a insignificante porcentagem acima, e olhe que estou sendo otimista....




Estas fotos não tem photoshop é o nascer de sol do outono que controlo todo dia.


Fiz uma pesquisa com vidrados de cobre e os opacificantes, Zirconio, Zinco, Estanto e Titânio. Independentemente cada um e depois misturando-os com dois, três opacificantes e, por fim os quatro.
O resultado foi uma mistura de cores como aconteceu com o vidrado acima, uma profusão de cores, parecendo um copper mate, mas não é, tem vidrado brilhante, não é mate. Foi uma brincadeira interessante  e o resultado mais ainda. Apareceram muitas cores, o rosa quase bordô, verde, azul, cobreado, amarelo, mais outros tons, realmente interessante.






SEMANA DO CERAMISTA/JOINVILLE-SC



Fui homenageado em Joinville, SC, como Ceramista do Ano, na Semana do Ceramista, com direito à exposição, etc, no final do mes de maio.
Na foto o staff da Secretaria de Cultura de Joinville, responsável pelo evento, mais a Ilka Barcellos e a Rosane Bortolin, nossas conhecidíssimas ceramistas de Floripa, que também eram palestrantes do Evento.
Pude conhecer o trabalho da Ilka mais de perto e é muito interessante  ver como ela intrincou a cerâmica com a biologia, fazendo uma parceria visceral e com resultados belíssimos, motivo pelo qual ela está sendo reconhecida em toda parte.
Fiquei muito feliz em mostrar o trabalho que venho executando de forma solitária no meu ateliê. Estava pesquisando raku, as implicações dos opacificantes no vidrado de cobre, vidrados e massas com inserção de rochas existentes no Estado do Paraná, como a magnetita, malaquita, xisto, filitos, arenitos, quartzitos, etc., mais os vidrados clássicos : sangue de boi, celadon, tenmoku, estes últimos, devido à nossa tradição zero de cerâmica clássica, é uma pesquisa que precisa um longo percurso, com resultados próprios, claro. Todavia, alguns resultados sempre aparecem, mesmo porque as formulações estão disponíveis na literatura e internet. Demanda infraestrutura que permita fazer reduções em alta temperatura, o que é possível com pequenos fornos à gás, como é o meu caso.
Nesta exposição mostrei a amplitude de trabalho que executo: terracota, com modelado da figura humana, raku, copper mate, vidrados clássicos, massas com rochas, vidrados com rochas, vidrados de argila com redução, vidrados clássicos com redução, vidrados de argilas, cinzas, principalmente.


O evento transcorreu impecável, meninas competentes e trabalhadoras. Obrigado!