terça-feira, 7 de junho de 2011

Tijucas do Sul - PR




Estava parado em meus cursos de geração de renda patrocinados pelo Senar. Agora neste começo de junho, com uma geada braba pela manhã, com luvas para não endurecer os dedos fui dar um curso em Tijucas do Sul, próximo de Curitiba, a 90 km do meu ateliê. Mas não estava desacostumado. Em Tijucas do Sul encontram-se argilas de qualidades várias, caulins, filitos, inclusive, mas principalmente argilas. Compor uma massa, nestes lugares, é quase mais difícil, porque as argilas daqui, por serem de qualidade superior, são próprias para indústrias cerâmicas que usam processos mecânicos, automatizados. Por exemplo: para as indústrias de azulejos, cuja massa depois de misturada em tambores com pedras, moinhos de bolas, são secadas automaticamente em secadores por aspersão, e, com a umidade certa já caem numa prensa, com 8% de umidade, mais ou menos, saindo o azulejo pronto, seguindo automaticamente no processo por esteiras. Em indústrias de pratos, faiança, a massa é secada de forma diferente, em filtros prensas e depois em marombas à vácuo, ficam na umidade certa pra serem torneados automaticamente. Já as massas líquidas, barbotinas ( muitas pessoas chamam de barbotinas para a massa líquida que se usa para juntar dois pedaços de cerâmica, mas a barbotina mesmo tem que conter silicato de sódio para ficar naquele estado gel), são preparadas para serem usadas em moldes de gesso. No nosso caso, precisamos de uma massa que seja boa para ser modelada, processo manual: rolinhos, placas e modelado livre, etc. Estas massas precisam de uma boa auto sustentação. Quer dizer, que não se modelem pelo seu próprio peso, caindo sobre si mesma. Normalmente estas massas industriais não tem essa qualidade artesanal. Uma boa argila vermelha, com boa liga resolve o problema. Assim, depois de conseguir uma argila de qualidade alí em Tijucas do Sul, fui atrás de uma argila vermelha, até porque artesanato manual feito com argila branca não tem muita beleza, eu acho, fica pálida e necessita uma pintura. Não é como a terracota que tem uma variedade de tons, todos bonitosl Como Tjucas do Sul tem local de extração de areia ( na verdade fica na divisa do Município, com Mandirituba), a argila é um sub-produto que pode ou não ser usado. Normalmente é vendido para olarias. Já no local que fui o dono do areal tem uma cerâmica que foi do seu avô e agora está construindo uma nova fábrica, toda em moldes mais atualizados para esse tipo de indústria. O forno é revestido com fibra cerâmica e é ele que se desloca sobre a pilha de tijolos que serão queimados. Depois da queima o forno volta para o lugar anterior onde já está pronta nova pilha de tijolos, 30.000 por vêz. Vai prá frente e prá trás, queimando lá e cá. A fornalha se desloca com o forno. É muito legal, está longe da nossa antiga olaria manual. Segundo o proprietário, está difícil arranjar pessoas que ainda queiram trabalhar com a velha mão de obra oleira. Ótimo! A fibra cerâmica diminuiu o tempo de queima em 70% e ainda as pessoas que vão retirar os tijolos que já vai direto para o despacho em caminhões, nao sofrem de insalubridade (devido ao choque térmico que existia nos fornos quentes, antes desse processo, já que os tijolos secam rapidamente, pois o forno mesmo já não está mais ali. Para se aumentar a produção é só construir mais um forno com toda a parafernálida de canais de saída de ar, indireta, para as chaminés. Sem falar que o ar quente ainda é usado para secagem de tijolos, ou telhas.
O local onde está sendo ministrado o curso foi organizado pela secretária de Turismo , Jane. Está sendo construído um local próprio para artesanado que dará um impulso no trabalho das pessoas interessadas. Semana que vem tem a segunda parte, com a queima das peças. Este forno que construí, foi o trigésimo quarto da série.....Agora estou anotando o número em cada um deles. Todos tem funcionado bem.....

3 comentários:

ricardo rassan disse...

Olá Narciso, Que bacana seu blog, Sou Ricardo, Minas Gerais 25 anos e pensando seriamente em mudar os rumos da vida e iniciar uma pesquisa em cerãâmica, adoro mas nunca fiz curso nenhum, então ainda estou pensando em como viabilizar tudo para isso. Estou em contato com alguns ceramistas daqui do Sul de Minas e Campinas e são Paulo, mais próximos de mim, mas me interessou muito o artigo sobre o forno de alta. Como seria para que pudéssemos ter uma encontro/aula/sobre este forno? Teria que me programar bem antes, questões de trabalho e distancia, mas me diga como se dá seu processo de trabalho para que possamos conversar mais e tentar nos sincronizar para um workshop! pessoal! Fico na ansiedade! Gande abraço.. Ah este seu trabalho de pesquisa é fantástico, inspirador!

. disse...

Ricardo!
Basta você se programar e então marcarmos uma data. Você poderia vir no meu ateliê e conheceria todo o funcionamento, inclusive como fabricar você mesmo o seu próprio forno. Escreva para gpnarciso@hotmail.com

ricardo rassan disse...

Valeu Narciso, te escrevi um e-mail! Abraço!