quinta-feira, 9 de junho de 2011

ARTESANATO CERÂMICO/ARQUEOLOGIA
















Tenho visto bastante artesanato cerâmico à venda e meditado sobre este assunto. Existe muitas qualidades de artesanto. Sempre discuto a diferença entre o rústico e o mal feito, não dá para confundir. O acabamento é essencial, o mal
feito precisa ser solucionado. Ou

melhorando a técnica, ou tendo mais paciência para completar o serviço.


Como dou aulas para iniciantes em cerâmica, fica difícil, em muitos casos,



tentar segurar a ansiedade de completar a peça. Eu mesmo sofro disso. Olhando para o artesanato do Pará, estou mostrando uma pequena comparação. A cerâmica
Marajoara é muito admirada e contrabandeada há muito tempo. Está espalhada pelo mundo inteiro. A Tapajônica, também. As duas são lindíssimas e acho que são o ponto alto da arte cerâmica no nosso país, da cerâmica arqueológica (não estou esquecendo as demais cerâmicas, a tupiguarani, kaingang, etc). Vejam o livro da Denise M.C. Gomes = Cerâmica Arqueológica da Amazônia, fartamente ilustrado. Os vasos com cariátides da cerâmica Santarém é de um modelado e concepção estética fantásticos. A Marajoara usa mais retirada e colocação de massa, não no sentido modelado como o é a Tapajônica/Santarém. Trata-se, também, da Marajoara, da Tradição Policrômica (usando caulim para o branco, tonalidades de vermelho e amarelo, mais o preto) que quase não tem na cerâmica arqueológica do nosso território, vai aparecer na tupiguarani, aqui do sul. A Cerâmica Santarém é recente, assim como a Marajoara. Esta última de 300 a 1400 DC e a primeira de 900 a 1600DC (Arqueologia da Amazonia, de Eduardo Gomes Neves), Aconteceu ontem. Já terminou, fut! Já levaram embora quase tudo, inhácata!
Estou pensando muito neste trabalho de cópias de peças de tradições cerâmicas antigas. É difícil posicionar-se corretamente. Existe a sobrevivência das pessoas, o respeito que temos que ter pela necessidade financeira.
Cada grupo consegue desenvolver seu trabalho na medida em que recebe um apoio institucional ou empresarial, para levar em frente sua sobrevivência. O artesanato do Pará é baseado em cópia, o preço, aqui para o Sul do Brasil, é baixo. Aquele da Serra da Capivara, usando desenhos rupestres, já é uma releitura, queimando sua cerâmica em alta temperatura, seu preço é mais alto, em comparação ao primeiro. Tenho a certeza de que as indústrias, principalmente aquelas que usam o meio ambiente como fonte de sua matéria prima, deveriam canalizar uma parte de seus lucros para o desenvolvimento de formas simples de trabalho e investirem pesado para a melhoria financeira, ao longo do tempo, de comunidades que precisam de apoio. Os recursos do planeta são limitados, é preciso redistribuir o patrimônio retirado da Natureza. Treinar pessoas que estejam dispostas a sobreviverem de um trabalho, investir durante um período de 3 a 5 anos e depois deixar que as pessoas caminharão com suas próprias pernas, tenho certeza. O que se deve evitar é treinar um pouquinho e depois abandonar, isso não é bom. Causa muita frustração. Sou fã do projeto Ñandeva de Fóz do Iguaçu, PR, patrocinado pela Itaipu. Investimento grande com resultados excelentes.
Eu poderia desenvolver este tipo de artesanato. Fazer um levantamento dos potenciais da região, conceber uma releitura e depois desenvolver um artesanato consistente, de qualidade, com a identidade local. Estou falando de cerâmica, claro. Aliás, ando louco para entrar num trabalho desses, que valha a pena, que dê um retorno também prá mim, como resultado de todos estes anos que estou estudando e somando esforços e treinamento para repassar isso.
Quem quer , quem quer???
A peça da primeira foto é original da cultura Santarém, as demais artesanato do Pará.

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