domingo, 23 de outubro de 2011

CACATU-ANTONINA-CERÂMICA-Retorno







Voltei a Cacatu para completar o meu curso de 8 dias. Nesta nova etapa, mais quatro dias. Armei uma compra de uma massa cerâmica de olaria de Curitiba, para simplificar um pouco o trabalho de amassado e ter mais tempo para práticas das técnicas e treino de aperfeiçoamento. Todavia, as massas que já tínhamos trabalhado ainda continuaram a serem feitas. Um dos participantes costuma bater a massa líquida com uma furadeira adaptada a um agitador , peneira e depois seca em placa de gesso. A massa fica bem fina e se quiser, depois, adicionar algum componente a mais, como chamote, por exemplo, fica fácil.
O preço da massa de olaria, que em sua origem é usada para tornear vasos até de 80 cm de altura, ou mais, inclusive, custou R$ 0,35 o quilo. Portanto, baratíssima para uma massa preparada. Essa massa veio da Cerâmica Kaminski de Curitiba, contorno Sul.
Um dos produtos mais vendáveis são as panelas. POr isso, sempre há um enfoque nisso. O Aumento de compradores de panelas é notório, principalmente depois que as panelas de alumínio entraram em baixa devido ao fato propagandeado do alumínio ser prejudicial à saúde. As panelas devem ser muito caprichadas para conseguir-se um preço razoável. Como são feitas à mão, é preciso desenvolver uma técnica para que a panela seja lisa tanto por fora como por dentro. Para isso, duas técnicas são usadas. A de rolinhos ou cordelado e a de modelado direta. Nas duas o acabamento por dentro é feito com um pratinho de plástico e por fora um cartão de crédito. Por dentro consegue-se uma superfície perfeita com o pratinho de plástico. Para que a panela resista ao choque térmico, adiciona-se à massa uns 20% de chamote de tijolo, ou seja, moem-se alguns tijolos, peneira-se em peneira de cozinha, mais ou menos malha 20 e mistura-se à massa. Um pouco de areia não muito fina, uns 10%, também colabora na resistência ao choque térmico. No Cacatu ocorre a pedra talco, ou pedra sabão, que se pode adicionar mais uns 10%. A pedra sabão é raspada e depois peneirada. Como a dureza da pedra sabão é número 1, na escala de Mohs (que define a dureza das rochas) é mole moer a pedra ou raspar.
Para esculturas artesanais sempre é bom misturar o chamote para facilitar a secagem e não racharem as peças durante as queimas.
A foto da Serra do Mar, na manhã de despedida do curso, mostra toda a cadeia de montanhas, com o Pico Paraná, Ibitiriti, Ferraria, Itapiroca, Ciririca, Agudo da Cotia, locais onde outrora andei subindo para contemplar a paisagem e pelo prazer de subir uma montanha. Escutar o canto de uma araponga ecoando pelas ravinas ou admirar uma Sofronites coccinea, orquídea de flor vermelha, são fatos inesquecíveis. Em primeiro plano da foto a casa da Márcia Ito e na outra foto o José, seu marido, semeando, ato ancestral bucólico e que poucos ainda podem vivenciar.
No último dia do curso trouxe todos para o meu ateliê em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, para conhecerem o meu ateliê e fazermos uma queima de raku, para ampliar o conhecimento de todos. O resultado é um dia cheio, com troca de plantas, porque a chácara onde vivo é sempre verde e tem muitas plantas que fui ganhando, comprando e multiplicando, prontas para serem doadas ou trocadas. Dou muitas plantas e ganho outras tantas, a troca é essencial, ninguém é dono de nada, ampliar o plantel genético para assegurar a variedade é muito interessante neste nosso mundo de transgênico e de frutas e flores padronizadas e em número reduzido.

2 comentários:

Nadia Saad disse...

Adorei a sua atividade.
Parabéns!

. disse...

OI, Nadia, obrigado!Um grande abraço p/ você!
Gilberto