domingo, 30 de dezembro de 2012

COPPER MATE

Da primeira vez em que vi, num livro, algumas peças com a coloração iridescente do Copper Mate, gostei de imediato. Interessei-me pela técnica e tentei muitas vezes conseguir o resultado apresentado. É uma variante do Raku, com vidrado com alto teor de óxido de cobre.
Gastei bastante material, tentei várias técnicas. Algumas delas são inadequadas para brasileiros. Além disso, muitas das matérias primas tem de ser adaptadas, pois não temos à nossa disposição as mesmas lojas dos USA, principalmente. Aliás, livros franceses e ingleses são poucos. Os americanos é que pesquisam tudo e nós como bons colonizados recebemos as informações e tentamos reproduzir. Não estou dizendo que não temos nossas próprias direções e ineditismos. Aliás, a quantidade de assuntos papo furado que estão à disposição são imensas. Precisamos filtrar as informações. Bem, depois de gastar pilhas de jornal, álcool e muito gás com maçarico direto na peça, consegui que aparecesse o efeito e depois congelar a coloração pela ação da água, ou álcool. Aprendi como funciona o aparecimento do "iridescente", furta-cor!
Essa pesquisa, como toda a pesquisa, é gratificante pelo resultado. Todavia, a surpresa depois de passados dois anos, é desagradável. O iridescente perde sua coloração depois de passado esse tempo. O esmaecimento começa aos poucos e agora, passados 4 anos do belíssimo copper mate que consegui, algumas peças que me restaram (outras vendi!) estão "desmaiadas".Lamento pelas peças que passei adiante sem ter dado o devido alerta de funcionamento por prazo determinado....Uma ou outra pessoa conhecida que comprou até posso encarar diretamente o que aconteceu. Mas para as outras que nem sei por onde andam, nem quem foram, lamento. Aliás, esse negócio de peças vendidas e que depois de algum tempo apresentam problemas tem que ser encarado dentro de uma estatística aceitável, não dá prá vender tudo com problemas, mas os problemas acontecem e não há nada a fazer. A foto com a coloração fraca é de 4 anos atrás e a outra "reativei" há alguns dias. Enquanto isso, a primavera terminou e o mundo não. Mas as flores com esse nosso planetinha, aqui na latitude sul 25 graus, com sua temperatura aumentando, estão lindas. Vejam as helicônias aqui de casa que aproveitei num arranjo juntamente com uma flor de alho poró. O vaso é de alta, bem rústico, com fundo interno cheio de vidro derretido de pedaços de antigos frascos de leite de magnésia philips (encontrados quebrados no meu terreno), azul cobalto....

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

SALÃO/2013 E SIMPÓSIO DE CERÂMICA-CURITIBA

A notícia espalhou-se. No Próximo ano teremos o Salão de Cerâmica Paranaense, novamente. Confirmado, também, o Simpósio Bianual. A informação é auspiciosa. Finalmente, poderemos contar novamente com este evento de grande importância para a Cerâmica Paranaense e também, por que não, Brasileira. A troca de informações, os encontros, até os negócios que acontecem nestes eventos tornam o espaço interceramistas mais curto, mais integrado. O SALÃO DE CERÂMICA é uma referência Nacional. Ficou um vazio que agora está novamente sendo preenchido. Vale a pena o Salão. Centenas de ceramistas dedicam-se para expor seus trabalhos, dar visibilidade que, de outra maneira, seria praticamente impossível. Além da democratização deste acontecimento, pois todos, em qualquer cidade do país, terão acesso e poderão mostrar para aprovação e confrontação de outros trabalhos. Não se trata de gincana de competição entre este ou aquele ceramista, mas, principalmente, para mostrar que faz samba também. Isso valoriza o ceramista, melhora o preço de seu trabalho.Fora do eixo Rio/Sampa é necessário que as coisas aconteçam. Não tem mais motivos para não ser assim. O contato com a cerâmica mundial é acessível, porém o encontro viabiliza a imagem direta, interage, de maior valor. Temos motivos para parabenizar a Secretaria Estadual de Cultura por atender a esta necessidade de desenvolvimento artístico, técnico e cultural de sua comunidade. Beleza!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

OFICINA RAKU E FORNO-IBIRAQUERA-SC(digitando)

Construí, a pedido, um forno de Raku, em inox, para ser usado no litoral, já que a maresia acaba com os tonéis de ferro. Estes são baratos, mas de curta vida. O forno partiu do tamanho da peça que se queria queimar com essa técnica = 75 cm de altura. Então, o forno,além deste tamanho precisou mais 25 cm da câmara de combustão. Altura total, 1 metro e cinco centímetros. A partir daí defini a largura, formato cilíndrico, depois a abertura da entrada de gás e saída superior. A potência do maçarico é uma conseqüência destes dados. Aliás, todos estes dados estão inter-relacionados. Para calcular este forno usei o método do Maestro Chiti. O material usado foi a fibra, internamente, presa com botões refratários. Este material não é recomendado pelo Maestro, que, aliás, abomina, devo ressaltar.
As soluções foram inventadas e a solda com inox sempre apresenta alguma dificuldade, bem como modelar as barras de aço e as chapas. O resultado foi excelente, com apenas um maçarico foi possível fazer a queima, no tempo que se quiser, 30 minutos ou uma hora. Mais rápido que trinta minutos somente com massa preparada para isso, com boa quantidade de materiais que resistam ao choque térmico = talco, chamote e sílica. Foi uma jornada excelente com pessoas muito a fim de aprender a técnica e manusear o forno. Rolou o mais alto astral, bem bacana mesmo. Além da oficina ter acontecido às margens de uma lagoa que tem conexão com o mar.
O aprendizado das técnicas de Raku, como estou acostumado a fazer, é simples. O início deve ser sempre, eu acho, usando vidrado transparente, alcalino, com os corantes mais usados, cobalto, cobre e cromo, depois os opacificantes. Assim, cada pessoa pode começar a pesquisar, conhecendo o comportamento mínimo dos vidrados. Evido o uso de vidrados à base de chumbo, porque o iniciante, precisa tomar cuidado redobrado. Assim, de pois de consolidada a técnica, fica mais fácil preservar-se dos vidrados plúmbicos.
O vidrado com baixo percentual de cobalto dá essa coloração azul suave, celeste.

CACATU-ANTONINA-PR

Acho que já foram 4 cursos de 8 dias que ministrei na Comunidade de Cacatu, Município de Antonina, no Paraná. Tem algumas pessoas organizadas que
tem a cerâmica como, presentemente, uma forma de ampliar o seu rendimento. Estes cursos, patrocinados pelo Senar - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, tem como objetivo real o de promover ensinamentos técnicos e artesanais na área rural. O grupo tem melhorado, apesar de não ter nenhum apoio externo e ser obrigado a
ter outras atividades para sobrevivência. Mas, mesmo assim, aos poucos, tem melhorado e bastante na sua qualidade de modelado. Vem à tona o velho problema de investimento para melhoria. O grupo já conseguiu um torno de pedal. A massa cerâmica tem sido resolvida de forma simples, porém, efetiva. Inclusive como inovações na produção de massa sem pedregulhos. O Jorge, que é uma pessoa do grupo, usa uma furadeira manual com agitador adaptado para misturar bem os componentes da massa, depois passa numa peneira culinária e deixa secar sobre uma placa de gesso, dry wall. Funciona e muito bem, até aprendi com isso e vou usar noutras comunidades que querem trabalhar com massas produzidas na própria comunidade.
Cacatu é uma localidade de grande beleza cênica. Todo o paredão mais fantástico da Serra do Ma
r do Paraná está debruçado sobre esta região. O Pico Paraná está próximo, mais os outros principais picos, o Ceririca, Caratuba, Ferraria, Itapiroca, Morro do Sete, Anhangava e o Marumbi, todos estão visíveis. É espetacular. NOs momentos de iluminação de início e final do dia, sempre registro com a minha DX-40, velhinha, Nikon, companheira. Sem falar que na propriedade também passa um delicioso rio de águas cristalinas que pude desfrutar no início e final do dia, num caiaque leve, remando rio abaixo e rio acima. Deliciosa lembrança da minha infância, quando acreditava que o mundo resumia-se àquilo mesmo= NATUREZA!
A fauna de aves também é farta e com a primavera os sons matinais enriquecem o acordar. A variedade é grande.
Os sacos pendurados são ninhos de Guaxo, ou Nhá Pindá, ou Tecelão. Uma árvore lotada de ninhos, sobre o rio.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

SIMPÓSIO DE CERÂMICA/CURITIBA O Mexicano GUSTAVO PEREZ abrilhantou o Simpósio e foi um aprendizado escutar suas palavras e ver sua habilidade no torno e na execução de suas peças. Evidentemente que não houve demonstração de como passar o vidrado nas peças, queima e resultado. Mostrou peças prontas. Abriu o jogo totalmente de como encontrou o efeito que usa até hoje com o auxílio de estilete e deformações que realçam o corte com o estilete. Disse não ter qualquer problema em mostrar como encontrou efeitos que usa até hoje e que é uma carga muito grande ter que levar segredos nos ombros. Muita bondade e grandeza. Ressaltou que todos os seres humanos são únicos e que todos encontrarão um trabalho que será próprio, mas para isso precisam insistir e ter confiança em si próprio. O Sucesso do Gustavo é evidente, pelas exposições que realiza e pelo preço de suas peças, dependendo do tamanho, valendo vários milhares de dólares. Ora, isso é um incentivo e uma direção. Dá para acreditar que é possível sobreviver e ter sucesso com a cerâmica. Simplicidade, auto-crítica e muito trabalho. Claro, uma boa dose de boa sorte, estar no momento certo no lugar certo, encontrar a pessoa certa, mas, principalmente, ter um bom trabalho, acreditar nele e avançar, sempre. A foto do Gustavo tem como fundo uma de suas peças. Na outra a parte interna de uma peça deformada por ele.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

SIMPÓSIO DE CERÂMICA/CURITIBA

Aconteceu de forma mais simples o nosso Congresso Nacional de Cerâmica, agora com a nova versão, retornando à mais antiga, Simpósio Paranaense de Cerâmica. Mais de 50% das pessoas que se inscreveram, não compareceram. Não foi cobrado taxa, por isso estava fácil fazer a inscrição, depois, comparecer, não foi importante. Isso contribuiu para esvaziar o acontecimento, favorecendo a idéia do Governo Estadual de congelar este evento, eliminá-lo simplesmente. Os próprios ceramistas contribuíram para acabar com o evento. Ri, sozinho, quando estive lendo, nesta semana, o grego Hesíodo ( em espanhol), no livro "Os Trabalhos e os Dias": o ceramista com o ceramista se irrita....!!!! Hilário, há dois mil e oitocentos anos.......!!!!!!!!! SERRA DA CAPIVARA X PROJETO ÑADEVA! As duas palestras que aconteceram juntas, em seqüência, com a Administradora do Projeto de Cerâmica da Serra da Capivara e a Maria Cheung e Izamara, do Projeto Ñadeva, de Fóz do Iguaçu, foram muito interessantes. Estavam, lado a lado, os dois projetos que eu acho os melhores do Brasil em termos de artesanato com identidade, com resgate cultural e com a participação da comunidade e, ainda, principalmente, com retorno financeiro. O Projeto da Serra da Capivara que aproveita os desenhos Rupestres do Parque da Serra da Capivara para colocar na cerâmica já é conhecido em todo Brasil. Criou uma marca. A luta deste povo, que para comprar gás para os fornos precisam viajar 380 kms, é e foi titânica. Admirável. O apoio que teve de Niede Guidon, responsável pelo Parque da Serra da Capivara, arqueóloga francesa, conhecida mundialmente, que ainda luta pela preservação das pinturas do Parque, com poucas verbas, etc, mas, com sua ajuda, criou visibilidade no exterior o trabalho artesanal daquele povo batalhador. Já o Projeto Ñadeva é quase um projeto Padrão. Levantamento de tudo que se conseguiu na tríplice fronteira, arqueologia, cultura, natureza, depois um trabalho de design de grande nível, publicação de livro em dois volumes, etc. O resultado conseguido foi de grande nível. É o ideal, o sonhado. A diferença entre os dois projetos foi o apoio financeiro da Itaipu para este último. Os dois projetos são fantásticos.O primeiro foi mais batalhado para sobreviver e ainda luta para isso. O segundo luta, também, porém em melhores condições: 580 associados! Parabéns para os dois projetos, minha sincera admiração e respeito! Quando crescer, gostaria de poder participar de um projeto assim, qualquer um dos dois!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

OLÁ!

Uma deliciosa preguiça tomou conta de mim nestes dois meses, apesar de ter trabalhado muito. Precisava ficar um tempo sem escrever no blog. Ministrei um curso de cerâmica Básica, aqui em Quatro Barras, onde descobri uma argila, no próprio local do curso, de alta qualidade para confeccionar uma massa fina, sem areia, de queima bem vermelha e ótima resistência à flexão. Construí um forno daqueles que costumo construir, forno este que inventei baseado em outros que conheci e vi na literatura. Só que desta vez consegui fabricar uma grelha e coloquei a um terço da altura da fornalha, de baixo prá cima. O resultado foi excelente. O forno melhorou sua performance. Acho que foram 36 fornos, no total, que construí iguais à esse, até hoje, e essa foi a primeira oportunidade em que usei, também, uma grelha. A entrada de ar fica liberada e o resultado foi uma queima muito boa. Ao final de 8 horas as chamas saíam abundantes pelas chaminés. Com meia hora de patamar, pronto. No outro dia, todas as peças estavam perfeitas, bem queimadas. Participei também de um curso de modelado da cabeça humana. Tô sempre procurando melhorar meu modelado. Gosto da figura humana, sempre gostei, continuo batalhando, dentro do meu tempo, para dar pequenos saltos de qualidade. Agora estou ministrando outro curso de cerâmica Básica, em Pinhais, aqui
na região metropolitana. Vai de quebra uma foto da minha neta, não querendo ser fotografada... A outra é de um manequim com cabelo de barba de velho com uma iluminação
deliciosa. A primavera sem chuvas também permitiu aos ipês amarelos uma floração incomum....
Noutra foto, mãos fortes produzindo
cerâmica. Um abraço prá todos!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

quarta-feira, 25 de julho de 2012

ATELIÊ DA ALDEIA-ARAUCÁRIA - PR

Há alguns anos atrás, cooperei para que fosse montado, aos poucos o ateliê cerâmico situado no Parque Cachoeira, chamado Ateliê da Aldeia, em Araucária. O espaço está consolidado.
O esquema de colocar na Dotação Orçamentária Municipal, com a antecedência exigida, forma o compromisso de que a verba solicitada seja aplicada. Isso é ótimo e deve ser seguido por todos aqueles que desejam ampliar os espaços municipais. Pena que é muito difícil viabilizar este procedimento. Para completar e manter um espaço de uso público há necessidade de investimento periódico para que não se improvise demasiadamente.Todavia, houve um crescimento de atividades e de espaço físico no ateliê da Aldeia. E todos sabemos que não é fácil manter um espaço público. Existia uma diferença técnica entre alguns participantes do curso ministrado que é de Cerâmica Básica, patrocinado pelo Senar-PR. Isto, porém, não vejo problema pois todos acabam somando o aprendizado, vendo o que estão fazendo aqueles com conhecimento um pouco mais sedimentado. Foram desenvolvidos alguns testes de vidrados de cinzas, aulas de torno, vidrados de 980 oC, queima de Raku e as aulas normais com as técnicas básicas. Ou seja, foi ampliado bastante o leque de aprendizado. O curso é de 8 dias e bem intenso. Sempre modelo um rosto, mãos ou pés como aprendizado de modelado livre. Há uma atração permanente nestes exercícios. Depois, a evolução é um produto muito pessoal. Uma das participantes trouxe uma folha impressa com a Vênus de Milo, de frente e de costas e começou a modelar. Depois passou algum trabalho para aceitar o rosto que tinha modelado. Bem, o caso complica porque é "apenas"a Vênus de Milo, ícone da escultura ocidental da antiguidade clássica, que,junto com a Vitória de Samotrácia, fazem parte de nosso consciente. Mas é bom, interessante que isso aconteça. Provoca! Inclusive risos!
Aliás, como é saudável rirmos
de nós mesmos!Não consigo olhar o mundo de forma isolada. Sempre situo-me no contexto social, planetário e com isso nossa individualidade some e aparece somente o ser humano, uma coisa só, a raça inteira, com sua imensa gama de personalidades, jeitos, qualidades, etc, que são uma parcela de nós mesmos. Fica fácil, então, de rir das nossas manias porque são vistas claramente como tal e não tem nenhum problema em desmontar qualquer maneira peculiar de nossa personalidade.Somente o aprendizado, o conhecimento são concretos, mas para isso precisamos limpar espaços limitantes.Ih!Uf! Os dias correram rapidamente e até o almoço era feito no ateliê e, depois dele, nem tempo para um descanso acontecia, pois todos pulavam já pro seu trabalho e mandavam bala.

domingo, 8 de julho de 2012

FORMATOS ARQUEOLÓGICOS

Tenho me ilustrado muito com o estudo de arqueologia cerâmica. Os formatos são infindáveis, parece que não mudamos nada há milênios. Os velhos perfis ainda continuam com beleza atual. Fotografei algumas formas encontradas na natureza e que certamente deram origem
aos formatos encontrados nos primeiros recipientes modelados pelos nossos antepassados. Esses receptáculos de sementes, certamente, serviram de inspiração
ou, talvez, tenham sido usados e depois copiados quando a tecnologia cerâmica foi descoberta. As cabaças
calabazas, catutos, purungos ou porongos são recipientes naturais prontos
de grande utilidade. Ainda hoje é inigualável um purungo usado como cuia para chimarrão, aqui no sul do Brasil. Eu mesmo faço coleção de porongos, purungos (cada região dá um nome diferente, aqui é purungo!). No livro,Brasil Antes dos Brasileiros, de A. Prous, cita o uso de cascos de tartarugas como recipientes, o que dá um formato de diâmetro bem superior à altura, como recipiente, muito comum. Visitei o Museu de Arqueologia de Paranaguá-PR e dos recipientes poucos que ali estavam expostos, dois pareciam os receptáculos de sementes acima ilustrados. Poderia selecionar vários formatos mostrados em livros de arqueologia, como, por exemplo, dos Cadernos de Arqueologia da Universidade Federal do Paraná, Ano l, no.l, 1975, onde aparecem ilustrações de cerâmica encontradas nas escavações da vila espanhola de Ciudad Real do Guairá. No livro, também de André Prous,
Arqueologia Brasileira, são muitos os formatos repetitivos e que ilustram a semelhança entre os recipientes naturais e os cerâmicos.Bem como a citação, na pagina 96, os formatos cerâmicos tendem a imitar os recipientes naturais que eram usados.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

AULAS DE CERÂMICA/PARQUE DA CIÊNCIA/PINHAIS

O PARQUE DA CIÊNCIA, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, é um espaço sem comparações. Gigante, plano, cheio de edificações,um espaço a ser ocupado. O Museu de Ciência, o Planetário, a Escola de Cinema, o Curso de Agroecologia (com alunos que vêm da área rural e permanecem em intervalos de quinze dias, depois retornando à sua terra de origem onde implantam o que aprendem, fantástico, principalmente em se tratando de AGROECOLOGIA), todos estes setores alí funcionam e ocupam uma parte mínima desse espaço. O restante está à espera de uso, muito embora, já tenha sido muito movimentado, no passado. Uma dessas áreas está sendo ocupada pelo curso de cerâmica.
O Museu de Ciência é bem interessante e começamos a reproduzir "trilobitas"em cerâmica. Simples: tira-se o molde em gesso, aperta-se a massa cerâmica contra o molde, depois acabamento. Após a queima uma demão de engobe de argila colorida, escreve-se o nome o nome do animal, ou qualquer outra coisa, pois o engobe sai e aparece a coloração da massa cerâmica queimada, e está pronto o souvenir para ser repassado aos alunos da escola pública e privada que diariamente vêm visitar o museu. Este engobe, se for queimado novamente aparecerá definitivo incorporado à peça, mas pode-se passar com cola branca e depois impermeabilizar, para quem não possua forno para queima mais alta. No nosso caso dispomos de formo artesanal até 800 graus centígrados, à lenha.
Quando um aluno já tem conhecimento anterior de trabalhos manuais, artesanato, e é apresentado à cerâmica, no primeiro momento tem a adaptação, mas, em seguida, todo o conhecimento anterior e prática é incorporado e o resultado é muito bonito. Vejam, por exemplo, o engobe no desenho da placa e o entalhe dos pinheiros. A Silvana desenha e vende quadros, adaptou e passado este primeiro momento em que está transferindo para a cerâmica o seu conhecimento em pintura, firmará definitivamente o que deseja fazer em cerâmica. Mas o traço é firme, definido, o enquadramento perfeito, com a noção exata de ocupação dos espaços.
Vejam a panela com engobe verde por fora, construída a partir de uma pelota de massa. Sempre presto muita atenção à alça das panelas, precisam ser práticas fáceis de serem manejadas com a panela quente.

domingo, 17 de junho de 2012

VIVÊNCIA PORANGABA 20/06/2012=RAKU

                            






                                      VIVÊNCIA PORANGABA -  RAKU



ESTOU CONVIDANDO VOCÊ PARA UMA VIVÊNCIA/OFICINA DE RAKU, NO MEU ATELIÊ DE CERÂMICA, NO SÁBADO, DIA 30 DE JUNHO DE 2012. 

O QUE É A VIVÊNCIA PORANGABA? É um acontecimento cerâmico, prático, que acontece no Sítio Porangaba, em Quatro Barras, num ateliê cercado pela Natureza. Serão 2 queimas de peças cerâmicas usando a técnica de Raku. O Raku tem sido traduzido como Simplicidade, Facilidade, até Felicidade. Não exige conhecimento cerâmico anterior. A Vivência começa às 9 horas da manhã. O almoço será no Terra Brasil Café, com enfoque Naturalista e opção para vegetarianos. Às 17 horas encerramento, também no Terra Brasil Café.


COMO ACONTECE?Cada participante recebe 2 peças e decora com vidrado (com a devida orientação) que são levadas ao forno para duas queimas. Não é necessário conhecimento anterior.


CUSTO POR PESSOA: O valor individual é de R$ 120,00, a ser pago no dia da oficina.


CONFIRMAÇÃO: A presença deverá ser confirmada até dia 27 de JUNHO. O número máximo é de 12 pessoas. Quem quiser participar deverá inscrever-se pelo telefone 41.91452884 ou pelo e-mail= gpnarciso@hotmail.com . Nesta ocasião será fornecido um mapa de acesso.

ENDEREÇO: Estrada da Graciosa, 6609 – Bairro Campininha – Quatro Barras – PR


terça-feira, 5 de junho de 2012

SEMANA DO CERAMISTA/JOINVILLE

Ministrei a oficina de Raku em Joinville. Fiz formulações simples mas que abarcassem uma faixa de possibilidades grande. Por exemplo, uma base alcalina, opacificante e corante. Com isso, primeiro a base, que é o CMF 096, já é o Transparente. Para opacificar, ou seja, deixar branco, adicionar o óxido de estanho, SnO2, em proporções de 7 a 12 %. Vejam a peça com desenho em azul baixo vidrado é apenas o Transparente sobre cerâmica branca, dá um branco perfeito, ou seja, não é preciso opacificar o transparente quando a base cerâmica é branca. O desenho baixo vidrado é apenas óxido de cobalto com CMC(carboxi metil celulose) e água, direto na cerâmica, depois coberto com o Transparente, pela técnica de vertimento. Bem, quando temos um vidrado transparente opacificado, podemos colori-lo. Para isso usamos os óxidos metálicos, principalmente o cobalto, o cobre e o cromo. O óxido de cobre, na redução com serragem retorna para o vermelho da sua origem, o cobre metálico, perdendo seu óxido. Todavia, sempre precisamos tomar o cuidado de não usar serragem molhada, pois a água, ao evaporar, rouba temperatura e boicota a redução. A própria combustão da serragem produz água. Aliás, toda combustão produz água. Neste raciocínio quase ninguém comenta o fato de que todo esse combustível fóssil que estamos queimando no planeta está adicionando cada vez mais água (claro, com a respectiva dose de gás carbônico e ainda roubando o respectivo oxigênio da nossa atmosfera.Quanto mais fechado estiver o recipiente com as peças para a redução, melhor será a coloração preta de fumaça deixada na peça e melhor a redução propriamente dita. Outro vidrado que gosto é a fusão da colemanita. Dá resultado rústico, irregular, pois a rocha não é muito fácil de cobrir a cerâmica. Também para completar um espectro maior de vidrados para raku, uso um vidrado com cobre, cmf, pronto, verde turqueza, sempre fácil de obter resultado. As camadas grossas, no raku, sempre são melhores, a falta de vidrado dá um resultado péssimo, mas o excesso quase nunca. O cobre sempre apresenta a melhor transformação visual de redução, sua metalização retorna o óxido ou carbonato de cobre ao metal original, o cobre, de coloração vermelha. Na natureza poucos são os metais de colorações diferentes e apenas o ouro e o cobre, na cerâmica, destacam-se. As demais reduções, metalizam mas as cores, apesar de brilhantes, são sempre iguais, semelhantes às peças não cerâmicas cromadas ou niqueladas. As técnicas de vitrificação possíveis numa oficina rápida sempre acho que são as à pincel e o vertimento. A imersão necessita muita solução de vidrado e a aspersão não é recomendada em locais sem aparato próprio (capela). Apresentei, também, o conjunto de pinça e carrapicho para peças de bijuteria, como ilustração. Inventei, há muito tempo uma pinça para fazer imersão de peças furadas para bijuteria. Mostrarei a foto oportunamente e explicarei seu uso. Ainda ando incomodado com o uso do forno com fibra cerâmica. Assim como estou evitando usar vidrados de chumbo, selênio, cádmio, vanádio, por serem metais pesados, tóxicos, assim também quero abandonar o forno de fibra cerâmica por ser, a fibra cerâmica, tóxica. A praticidade do forno de fibra é notória, mas sua toxicidade, também. Um forno de tijolos isolantes, acredito que seja a melhor solução.
Mas a festa da Semana do Ceramista, de Joinville, foi um sucesso. Aconteceu no Centro Cultural Antarctica, com exposições e oficinas. A Casa da Cultura está sendo totalmente reformada para atender à comunidade com um espaço dentro de padrões de qualidade que todos merecem. Sou grato pela oportunidade que tive de conduzir essa rápida oficina.

sábado, 2 de junho de 2012

VALE DO SOL - MORRETES

Completei os 8 dias de curso com uma queima. Novamente a tranqüilidade do uso de eucalipto muito bem seco. Em 7 horas e meia a queima foi completada, nenhuma peça quebrada. Esse negócio de nenhuma peça quebrada é porque os alunos quase sempre são novos na cerâmica e muitas falhas de confecção acontecem. Como a queima tem que ser feita durante o intervalo do dia de aula, o prazo máximo é de um expediente, 8-9 horas. Não dá para prolongar mais a queima. Claro que sempre tomo precauções na massa que está sendo usada pelos alunos. Adiciono propositadamente chamote e areia para garantir melhor secagem, evitar deformação das peças na secagem e menor taxa de quebra na queima. Soube do resultado pelo telefone, pois no último dia fizemos a queima. Como o forno somente pode ser aberto no outro dia, deixei o forno lacrado e fui embora. Normalmente em dias de queima, fico atarefado controlando a lenha a todo o instante, verificando os respiros (tobera, abertura de saída de calor), controlando com uma "isca"(arame com uma peça na ponta mergulhado no forno =vez por outra puxo a isca e verifico em que estágio está a queima, como estão as peças, indiretamente). Desta feita, aproveitei os outros talentos dos participantes do curso. Assim, controlando calmamente a queima, alguns alunos mostraram outra vertente artística fluir. Com um violão de sete cordas, outro violão de seis, tambor e pandeiro, rolou um som durante a queima. Foi muito interessante. Até poesia declamada apareceu. Surpreendi-me com um dos alunos, normalmente muito quieto e introspectivo. Cantou, com uma voz afinadíssima e cadenciada, além de muito bonita, um velho sucesso do Taiguara. O Chiti(Maestro J.F.Chiti) fala em até fazer um churrasquinho durante a queima, aproveitando o braseiro dando sopa.
Sempre aprendo inesperadamente. Estava dando um acabamento rápido numa peça semi-úmida para colocar no forno, mas precisava desbastar bastante, aproveitei um ralador de verduras que estava à mão e mandei ver. Pôxa, ferramenta excelente que daqui prá frente usarei em acabamentos. Bem a peça estava úmida, enfornei assim mesmo, pois precisava, não dá nada quando a massa está preparada para isso.
Gosto da finalização do figurativo, com a superfície irregular, embora com bom acabamento, parece mais pele.
O Pico é o Marumbi, tardinha, com nuvens e névoas, quando voltava, depois do expediente....
A ave é o Suruquá, que estava comendo os frutos da Juçara, Palmito, Eutherpes edulis.

sábado, 19 de maio de 2012

SEMANA DO CERAMISTA/JOINVILLE-SC

NESTE FINAL DE MÊS ACONTECE A SEMANA DO CERAMISTA EM JOINVILLE-SC. GRANDE INICIATIVA DA SECRETARIA DE CULTURA E DA CASA DA CULTURA QUE, HÁ MUITO TEMPO, TEM A CERÂMICA COMO UMM FOCO DE DESENVOLVIMENTO ARTÍSTICO E ARTESANAL. ESTÁ ABERTO A TODOS INTERESSADOS. JOINVILLE É O MAIOR PIB DE SANTA CATARINA E A CULTURA ESTÁ PRESENTE EM MUITAS ATIVIDADES. DAREI UMA OFICINA DE RAKU NESTE EVENTO. ESTÁ ABERTO A TODOS OS INTERESSADOS. SE MAIS CIDADES TOMASSEM ESSAS INICIATIVAS SERIA MUITO MAIS CONCRETO NOSSO DESENVOLVIMENTO. AO CONTRÁRIO DE NOSSA VIZINHA ARGENTINA QUE NA TEM NA CERÂMICA UM DOS FOCOS DA CULTURA, NÓS AQUI, DO PARANÁ
NÃO TEMOS UMA ESCOLA DE CERÂMICA OFICIAL. SOMENTE EM SÃO PAULO, NO SENAI. TALVEZ POR ISSO NOSSA ETERNA RIVALIDADE COM A NOSSA VIZINHA: CULTURALMENTE ESTAMOS PELEJANDO PARA IGUALÁ-LOS, NOSSO CIDADÃO COMUM TEM UMA ENORME DIFICULDADE DE ACESSO À CULTURA, AO CONHECIMENTO. A CULTURA É MUITO CARA,BASTA IR NUMA LIVRARIA E VER OS PREÇOS DOS LIVROS E COMPARAR COM O SALÁRIO MÍNIMO. ALÉM DISSO, OS CERAMISTAS SABEM MUITO BEM A BATALHA QUE É O RECONHECIMENTO DO DEVIDO LUGAR QUE A CERÂMICA DEVE OCUPAR DENTRE AS ARTES.
A CERÂMICA NO BRASIL É UM MOVIMENTO FORTE, DEFINIDO, TEM PÚBLICO, AUMENTA CADA VEZ MAIS. PRECISAMOS DE MAIS ESPAÇOS PARA APRENDIZADO, FORA DE SAMPA. SÃO PAULO TEM INDEPENDÊNCIA, NÚMERO EXPRESSIVO DE CERAMISTAS CONSAGRADOS E POSSIBILIDADES QUE ESTÃO FORA DO ALCANCE DA "PERIFERIA".