sábado, 2 de junho de 2012

VALE DO SOL - MORRETES

Completei os 8 dias de curso com uma queima. Novamente a tranqüilidade do uso de eucalipto muito bem seco. Em 7 horas e meia a queima foi completada, nenhuma peça quebrada. Esse negócio de nenhuma peça quebrada é porque os alunos quase sempre são novos na cerâmica e muitas falhas de confecção acontecem. Como a queima tem que ser feita durante o intervalo do dia de aula, o prazo máximo é de um expediente, 8-9 horas. Não dá para prolongar mais a queima. Claro que sempre tomo precauções na massa que está sendo usada pelos alunos. Adiciono propositadamente chamote e areia para garantir melhor secagem, evitar deformação das peças na secagem e menor taxa de quebra na queima. Soube do resultado pelo telefone, pois no último dia fizemos a queima. Como o forno somente pode ser aberto no outro dia, deixei o forno lacrado e fui embora. Normalmente em dias de queima, fico atarefado controlando a lenha a todo o instante, verificando os respiros (tobera, abertura de saída de calor), controlando com uma "isca"(arame com uma peça na ponta mergulhado no forno =vez por outra puxo a isca e verifico em que estágio está a queima, como estão as peças, indiretamente). Desta feita, aproveitei os outros talentos dos participantes do curso. Assim, controlando calmamente a queima, alguns alunos mostraram outra vertente artística fluir. Com um violão de sete cordas, outro violão de seis, tambor e pandeiro, rolou um som durante a queima. Foi muito interessante. Até poesia declamada apareceu. Surpreendi-me com um dos alunos, normalmente muito quieto e introspectivo. Cantou, com uma voz afinadíssima e cadenciada, além de muito bonita, um velho sucesso do Taiguara. O Chiti(Maestro J.F.Chiti) fala em até fazer um churrasquinho durante a queima, aproveitando o braseiro dando sopa.
Sempre aprendo inesperadamente. Estava dando um acabamento rápido numa peça semi-úmida para colocar no forno, mas precisava desbastar bastante, aproveitei um ralador de verduras que estava à mão e mandei ver. Pôxa, ferramenta excelente que daqui prá frente usarei em acabamentos. Bem a peça estava úmida, enfornei assim mesmo, pois precisava, não dá nada quando a massa está preparada para isso.
Gosto da finalização do figurativo, com a superfície irregular, embora com bom acabamento, parece mais pele.
O Pico é o Marumbi, tardinha, com nuvens e névoas, quando voltava, depois do expediente....
A ave é o Suruquá, que estava comendo os frutos da Juçara, Palmito, Eutherpes edulis.

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