domingo, 14 de novembro de 2010

CERÂMICA BÁSICA - VALE DO SOL-Morretes-PR





Dei uma semana de curso de cerâmica básica na Comunidade Terapêutica Vale do Sol, no município de Morretes, aqui no litoral do Paraná. Como sempre, saí à busca de argilas plásticas para compor uma massa trabalhável. Não é difícil! Estamos no pé da Serra do Mar, que é um maciço de granito e granito, que é feito de quartzo, feldspato e mica, vai se decompondo ao longo dos milhões de anos e vai formando (o feldspato, principalmente) argila, caulim, misturando com sília e mica, finamente moída (ou decomposta). Claro, são novos compostos formados, os argilo-minerais, partículas finíssimas que permitem a existência da plasticidade. O caulim já tem partículas maiores e por isso não é plástico, porém, com alto teor de alumina, é o material refratário por excelência. Como os argilominerais são constituídas por lâminas, a plasticidade existe devido ao escorregamento das lâminas, à semelhança de duas placas de vidros com água entre eles: os vidros escorregam entre sí. A plasticidade existe graças a isso. Mas, por definição, plasticidade é a propriedade da argila de receber uma deformação e não voltar ao seu estado original. Ou seja, a deformação permanece após a aplicação da força.
Este aprendizado de composição de massa para modelagem é muito interessante. É um aprendizado real, concreto. Depois de uns 3 dias o aluno entende como funciona a plasticidade, adição de materiais anti-plásticos e quantidade de água (mais ou menos 40%). Aos poucos vou melhorando as técnicas, como colar placas, rolinhos, modelado livre.
Sempre gosto de preparar massas com bastante anti-plástico, principalmente chamote de tijolo passado em malha 25, num percentual de 20%. Também é bom um pouco, 10%, de areia da mesma malha. Sabe-se que a areia muito fina não é muito bom misturar, pois favorece à gretagem das peças, ao contrário da areia média, também aí pela malha 25. O negócio é que, tendo encontrado uma argila plástica, o restante é mais fácil. No areal de Matinhos onde consegui a argila plástica, notei a forma especial com que o encarregado do local olhou para a argila que considerou plástica. Pegou um pouco de argila e colocou entre o indicador e o polegar. Apertou estes dedos e prestou atenção em como a argila tendia a grudar os dedos e emitindo um som quando abria os dedos. Este grudado entre os dedos é que significava para ele a plasticidade do material. Sempre é possível aprender algo das pessoas com quem a gente se encontra e tem conhecimento visto por outro viés. Outra coisa interessando foi a observação de um aluno sobre o modo de abrir uma pelota de massa para fazer panela. Explico como posicionar o dedo indicador, encurvando-o e apoiando no polegar, para que fique firme. Ele disse: "ah, como segurar a linha prá pescar bagre!"Matou a charada!
No mais, vejam pelas fotos a gana no trabalho de construção do forno. Começamos a construir lá pelas 9 da manhã e terminamos às 5 da tarde. Num dia de trabalho está lá, pronto, um forno cerâmico, com ele já é possível transformar o barro, a massa, em pedra.
O Rio da foto passa dentro do terreno da Comunidade, rio de pedras, limpo, barulhento, típico dos pés da Serra do Mar (Rio Sagrado).

Um comentário:

Anônimo disse...

Belíssimo trabalho, meu irmão está ai na Vale, achei ele nas suas fotos, amanhâ vou lá ver que peças ele fez!!! Abraço... Marcelo