segunda-feira, 24 de maio de 2010

FOZ DO IGUAÇU -Ñandeva



Fui a Fóz do iguaçu para ver de perto o projeto Ñandeva. Queria saber como funciona um projeto daquela magnitude. É um Projeto que envolveu os três países da fronteira. Brasil, Argentina e Paraguai. Tem mais de 100 artesãos registrados. O produto final conseguido é de primeira qualidade. Não é fácil chegar a este nível. Fiquei pensando nas minhas aulas de cerâmica Básica, de 8 dias, o projeto já tem alguns anos que funciona full time. O Ñandeva tem assessoria de Designer, viagens visita com os artesãos/artistas para outros estados brasileiros e até outros países. A Itaipu jogando um cacau brabo, todavia sendo gerido com responsabilidade e muito profissionalismo, permite um crescimento dos associados. A ceramista Maria Cheung, de Fóz do Iguaçu, que trabalha neste projeto, deixa sua marca registrada. Meu respeito e minha admiração. Crescimento com qualidade, isso é que é coisa fina. Na sala de exposição dos produtos à venda dá para perceber que não se chega de uma hora prá outra num resultado sonhado de qualidade. Fiquei estremecido, pensando seriamente que resultados desta natureza não se pode conseguir de forma rápida. Como transferir este tipo de trabalho para estas oficinas que ofereço, patrocinadas pelo Senar, de 8 dias apenas, onde entro com uma quantidade de informações enorme, ensino as técnicas, como encontrar e produzir uma massa de terracota, ensino também a construir um forno cerâmico à lenha, para 800 graus centígrados, mais acabamento, queima. É coisa demais prá tão pouco tempo. As pessoas se esforçam, aprendem. Mas, depois, vou embora, e o curso não tem continuidade. Que tipo de qualidade eu posso ofecerer? Como é que aqueles que se interessam vão encontrar estímulo para manter a vontade de trabalhar? Minhocas, minhocas na minha cabeça. Gostaria de reverter isso, aumentar o tempo de curso, tentar implantar um curso mais extensivo, um centro de aprendizado com continuidade por, no mínimo,um ano. Depois, sim, acredito que todos teriam condições de continuar de per si. Claro que um projeto dessa natureza tem que ter patrocínio. Agora apareceu o Edital da Petrobrás oferecendo essa oportunidade para projetos de Geração de Renda, sustentáveis, etc. Cabe dentro do que penso e sei fazer. Entrei, juntamente com uma ONG com um projeto que contempla um centro de cerâmica para uma pequena comunidade, com fornos cerâmicos elétricos, marombas extrusoras, plaqueiras, espaço físico , etc. etc. Acompanhamento por dois anos. Mas, vocês sabem, quem trabalha na linha de frente de batalha, não tem tempo para capturar verbas de projetos. Não dá tempo. A gente corre demais, quase não tem tempo. Estou torcendo para que o projeto dê certo. Tenho certeza de que com este tempo poderei fazer um trabalho eficiente e que as pessoas sentir-se-ão acompanhadas até encontrarem velocidade própria.
Bem, fui a Fóz do Iguaçu e, como ninguém é de ferro, aproveitei para ver as cataratas.
Estava um dia de grande volume de água, com garoa permanente e aproveitei para molhar-me na passarela do lado brasileiro.

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