terça-feira, 7 de abril de 2009

MEIO AMBIENTE-ARGILAS DE BARRANCO




O viés de Meio Ambiente nas atividades alternativas permite que se propague cada vez mais a idéia de preservação. Nunca deixo de aproveitar o gancho das aulas de cerâmica ou das Vivências para dar um toquezinho na necessidade de uma postura preservacionista nas nossas vidas diárias. A opressão que sofremos pelos grandes grupos econômicos que olham a Natureza como uma reserva de matéria-prima a ser explorada e, por extensão, o próprio ser humano, deixam uma margem de manobra para se viver uma vida melhor meio pequena. Vemos claramente como somos explorados nas questões básicas da nossa vida: pagamos por tudo e os preços sabemos não serem baratos. O telefone é um absurdo que parece brincadeira a forma como é enfiada goela abaixo e temos que aceitar porque precisamos de comunicação, com as pessoas tanto diretamente como pela internet. Eu, morando na área rural, estaria ralado se não contasse com a internet, apesar de funcionar capenga e ser caríssima. Pago 120 mangos por mês e a velocidade é baixíssima e mesmo assim preciso e quero. O lixo da atividade humana é algo assustador. Não existe na Natureza lixo que não se recicla. O produzido pela nossa civilização é armazenado e ficará de brinde para as gerações que nos sucederem. Sem falar o atômico, principalmente dos países, a França, Inglaterra, USA, etc. E olhe que eles é que são os CIVILIZADOS. Nós do terceiro mundo sabemos muito bem como somos tratados, pelo nosso atraso cultural e tecnológico, mas o lixo, a poluição, a exploração vem deles, a nacional é copiada nos mesmos termos.
Moro na Estrada da Graciosa, na Serra do Mar, primeiro planalto Curitibano. A paisagem aqui é montanhosa. O Morro Anhangava é cartão de visita de Quatro Barras que é a cidade onde moro. Na foto o Anhangava esta no plano de fundo. Apesar de estar na área rural, fico a 10 km do centro da cidade e a 40 km do centro de Curitiba. Estou cercado pela Serra do Mar. O citado Anhangava que é considerado um morro escola para escalada, tem pista de Asa Delta. Também o Pico Marumbi é muito conhecido por estar ao lado da estrada de ferro que desce até o litoral. Os paranaenses que há décadas sobem estas montanhas substituiram o termo alpinismo, por marumbinismo.O Pico Paraná, com 1964 metros de altitude está à vista, é o ponto mais alto do sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
Aproveito também a atividade humana, que em termos ambientais parece uma agressão, porém, necessária, para o meu tabalho. Por exemplo, agora estão asfaltando a Estrada da Graciosa, a mais antiga estrada do Paraná. O movimento de corte de barranco apresentou uma variedade colorações de argilas para se fazer engobes, que é uma alegria aproveitar. Argilas amarelas, roxas, lilás, vermelhas, brancas, até bentonita é explorada nesta região, salmão, rosada, todas estas cores aparecem nos barrancos. Como tenho meu ateliê na Serra do Mar, a qual é composta principalmente de granito, que é quartzo, mica e feldspato, misturados, as argilas decorrentes da decomposição dessas rochas são abundantes. Tem uma argila branca, plástica que as pessoas da região chamam de sabão de caboclo, muito boa para compor massas. As argilas coloridas eu vou incorporando nas massas que produzo. Deste modo vou obtendo cores , tons variados nas minhas massas artesanais. Também os engobes naturais são muito interessantes. Estas argilas também podem ser usadas para pinturas de paredes de alvenaria, ou até paredes alternativas de adobe. Os pigmentos naturais permanecem com a mesma cor, sempre, já que é o ultimo estagio da oxidação das rochas.
Por isso, nunca compro massa preparada, sempre componho as minhas. É muito fácil, simples, e quando se pega o traquejo, a independência de massas é fundamental. É claro que quando quero uma massa de coloração branca, quando preparo um grês, uso argila e caulim de mineradoras locais, que, direto da fonte, são baratas. Aqui na região Metropolitana de Curitiba temos mineradoras de argilas de queima branca muito plásticas, caulins aluminosos excelentes para queimas até 1300 graus centígrados.Estas argilas de barranco são sempre anti-plásticas, portanto entram na composição das massas com até 30%. Porém suficiente para predominarem na coloração da massa. Existe uma variedade de granulometria nestas argilas e sempre é preciso, quando não se tem prática, testar a quantidade colocada para a massa não ficar pouco plástica e rachar com facilidade no modelado. Quando se olha um barranco que foi cortado por uma maquina, pelo brilho do corte pode ser avaliado a granulometria da argila. Os barrancos mais brilhantes sao os de argila mais fina. Para peças de terracota, ou seja, sem decoração com vidrado, as argilas de barranco são mais interessantes ja para peças vitrificadas elas funcionam melhor como engobe.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bom que vc não muda, esta sempre atento com a natureza.

Anônimo disse...

Vcs trabalham com argila no na cachaça na ou no mas