quarta-feira, 15 de abril de 2009

VIVÊNCIA DE RAKU-GRUPO ALTERNATIVO





Dando continuidade à série de Vivências de Raku, tive um encontro que foi muito interessantes com um grupo de pessoas ligados à terapias alternativas. Desde modo, pessoas com interesses diferentes, no seu dia a dia, também aproveitam para aprender cerâmica e encantar-se com os rápidos resultados desse tipo de queima. O mais bacana desse negócio é que existe uma união entre as tribos de pessoas que olham o nosso mundo contemporâneo de forma diversa, acreditando na melhoria do Homem no Planeta Terra. Essa melhoria tem a ver com o auto-desenvolvimento e com a atitude direta da própria pessoa frente à vida. Não é somente um papo de final de semana sentado nalgum lugar para resolver sua vida e na segunda feira começa no batente, esquecendo tudo o que botou prá fora, de suas ansiedades, suas decisões, mas, na verdade, não sai da mesma. Plagiando um velho conhecido: "o bom é beber com alguém que não se lembre nada no dia seguinte"...
A Cerâmica artística artesanal é uma forma alternativa de sobrevivência e também de atitude. O nosso mundo lotado de falsas ilusões, de promessas, vem exaurindo a humanidade e o planeta. Vemos nosso clima mudar de forma radical e ainda tem pessoas que estão afirmando que nada tem a ver, que são ciclos naturais. Todavia qualquer idiota está vendo que cambiou totalmente a temperatura e a humidade em praticamente todas as regiões. Aqui em Curitiba, por exemplo, nos anos 70 era a cidade da garoa, como São Paulo, agora nada disso, garoa raramente vemos. As vazões dos rios tem diminuído, a temperatura aumentou absurdamente. Quando forma uma geada aqui no primeiro planalto paranaense, não segura nem dois dias. Naqueles anos acima citados eram semanas de frio e geada. Não sou saudosista, apenas lamento e fico muito desesperançoso por tudo isso que vejo. Não consigo olhar a vida, o planeta, de forma local. Prá mim está tudo interligado, o Homem, a Natureza, o Universo. Por isso, a minha vida está baseada neste ponto de vista. A Vida no planeta terra é muito maior do que a civilização humana. A Terra, no Universo, é apenas uma poeira, um grãozinho de nada, perdido nas vastidões infinitas do Desconhecido. Mas ao contemplarmos a natureza, com sua diversidade, beleza, com sua direção, Inteligência, temos a certeza de que a vida não é "uma anedota, contada por um idiota, cheio de sons e fúria, não significando nada". Com esta consciência, qualquer atitude é uma atitude política, tando no plano pessoal, no social quanto no planetário. Atitudes ecologicamente corretas vem de encontro com as necessidades do Planeta, dentro de uma idéia de Desenvolvimente Sustentável, que se baseia no tripé: Social, Histórico e Ambiental.
Até as argilas são consideradas bens não renováveis, idéia absurda até pouco tempo atrás, mas que agora vem assustar os mais conservadores. Os estoques de caulim, argila plástica, que demoraram milhões de anos para serem formadas, se forem usadas neste ritmo assustador de nossa Civilização, acabará dentro de prazo de poucas centenas de anos, o que é quase nada se olharmos dentro de uma escala de tempo um pouquinha mais ampla. E claro que outras tecnologias serao inventadas, mas o buraco aumenta.
A Vivência dde Raku rolou fácil, tranquila, as pessoas estavam conectadas com o trabalho, o resultado foi excelente. Aprecio sempre a diversidade das formas de pintura principalmente das pessoas que nunca anteriormente tiveram alguma experiência cerâmica. São 3 queimas e o resultado vai aparecendo, na primeira timidamente e depois vai crescendo, melhorando. Como os vasos já estão prontos, porque as peças já estão biscoitadas a 800 graus centígrados, somente é possível decorar as peças, pois seria impraticável modelar e queimar no mesmo dia. Não impossível, porque com uma massa com muito talco e chamote, poderia ser tentado uma monoqueima, com tempo maior de queima. Cada queima é feita em 45 minutos em média. Para uma monoqueima esse tempo teria que ser ampliado. Todavia a monoqueima apresenta algumas desvantagens de ordem prática. A principal que eu acho é que a absorção do vidrado na peça é baixa, exigindo maior técnica de pintura. A massa das pecas que torneio contem muito chamote, areia e talco, somando uns 30%.
Sempre preparo as soluções de vidrados para as vivências. Utilizo poucas cores, no máximo 7, 8, diferentes. Uso azul cobalto, azul cobalto com estanho para dar um vidrado leitoso que acho bonito, verde cromo, o óxido de cobre com as suas possibilidades na redução, dando coloração avermelhada e misturada com verde quando a redução não é muito forte. Preparo, também, um branco com estanho e feldspato, o transparente não pode faltar. Alguns vidrados preparo com colemanita ou bórax, apesar de sempre assustar a platéia quando começa a inchar e borbulhar ao aproximar-se dos 980 graus centígrados que é a temperatura que uso para o raku. A base quase sempre é o cmf 096, barato e que vai bem com os pigmentos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia,,, na foto se vê um forno, gostaria de saber como poderia comprar o projeto, ou mesmo se puderem fornecer, de como fazê-lo

Obrigado Flavio