Esta semana fiz alguns testes de vidrados e teste do próprio forno de alta temperatura. O forno é artesanal, confeccionado com tijolos isolantes, em formato de cilindro. As dimensões internas são de 58 cm de diâmetro por 90 cm de altura, de volume útil. Este forno utiliza os cálculos de abertura para entrada de gás e saída segundo as formulações ensinadas pelo Chiti (J.H.Chiti, Instituto Condorhuasi-Buenos Aires) em seus livros e cursos. As queimas podem ser feitas com um ou dois maçaricos, dependendo as potências deles, o resultado sempre é bom. A curva de queima pode ser feita de acordo com a vontade do ceramista. No meu caso, estou fazendo uma queima em 4 horas, com patamar de 20 minutos a 1263 graus centígrados, cone 8. Esta queima eu controlo com relógio digital e também com cones. Estes últimos usarei sempre que quiser uma queima diferenciada, já que o relógio digital, apesar das diferenças que sempre encontramos, repete igualmente os valores e assim podemos padronizar até a possível diferença de temperatura. É claro que este é um forno artesanal, cujo custo, comparado com um forno comercial de alta Temperatura, está em torno de 50% do preço deste último (para forno a gás, se for comparadado com elétrico não ultrapassa 30%).
O comportamento do forno é muito bom, estou satisfeito com ele. Já fiz queima rápida em 2horas e meia, até 1263 graus centígrados. O forno bem calculado permite variações de tempo de queima, simplificando a vida do ceramista.
Nesta semana pesquisei vidrados de cinza. Parti das formulações de Bernard Leach (El Libro del Ceramista), da Jacy Takai (São Paulo - fórmulas apresentadas como resultados de suas pesquisas no Congresso de Cerâmica de Curitiba, 2006), usando as fórmulas limites para vidrados de cinza de Rhodes (Vidriados Ceramicos - Matthes), fórmulas do Chiti (de algum dos seus inúmeros libros) e, também, usando minha experiência pelas composições químicas médias das cinzas e dos produtos adicionados. O esquema de pesquisa sempre é o mesmo. Faço as formulações, depois testo juntamento com as matérias primas, para ver o comportamento geral.
Com o resultado obtido altero a formulação pelo que mais me interessar. Vidrado fosco, brilhante, áspero, rugoso, combinação heterodóxica de matérias primas, etc.
O vidrado do vaso que aparece na foto é uma mistura de vidrado de cinza com vidrado da formulação básica do Hamada para grês.
As pastas que estou utilizando também são produzidas artesanalmente. Uso argilas aqui da região, caulim, chamote refratário, talco, argilas de barranco para coloração diferente.
O trabalho de torno também é meu, usando u m torno artesanal.
Concluindo, a pasta, o torneado, o forno, o torno, os vidrados, tudo confeccionado em casa, de forma artesanal, com resultado que cada vez tem me agradado mais. O mais interessante é o resultado diferenciado que podemos obter, o amplo campo de pesquisa que temos pela frente, uma brincadeira fantástica, envolvente e que pretendo transformar em grana, que ninguém é de ferro...