sábado, 24 de setembro de 2011

MASSAS CERÂMICAS/MAJÓLICA/FAIANÇA





Segundo encontro do Grupo Massa, para produção de massas cerâmicas. Começamos com um massa de baixa temperatura, usando argila vermelha e produzimos uma massa para resistir ao choque térmico e para modelado. Depois de pronta, um teste registrou 8 por cento de retração na secagem e, depois da queima a 800 graus, mais 3 por cento. Retração total de secagem mais queima de biscoito = 11 %. Tá bom, viável. Próxima etapa passar um vidrado e verificar novamente a retração a 980 oC. Uma massa para uso comum, como estamos produzindo não deve ultrapassar os 13, 15 % de retração. Senão fica inviável e precisaríamos estudar os componentes utilizados para mudá-los e assim diminuir o percentual de retração.
Na massa produzida neste novo encontro, a proposta é uma massa para queima a 1150oC, aproximadamente. Os componentes começam a mudar. Para dar uma boa fusibilidade numa massa de baixa temperatura podemos usar o carbonato de cálcio, até 13, 15%, mas para temperatura média, 1150 oC, o teor de carbonato de cálcio deve ser menor. Agora começa a entrar na massa o feldspato, que é o fundente de alta temperatura, por excelência. Para resistir às temperaturas mais altas, as argilas vermelhas, com teor de ferro em torno de 7, 8 % começam a ser evitadas. Bernard Leach usava nas suas massas de grês uma argila comum que tirava próximo ao seu ateliê. Também gosto de usar argila vermelha nas massas de grês, até 10, 15%., às vezes 20%. O tom escurecido obtido, devido ao óxido de férrico que dá a coloração vermelha à argila, parece-me de uma tonalidade agradável. Todavia, nesta massa de hoje o que interessava era uma massa branca. Então, neca de argila vermelha! Usamos uma argila vendida por mineradoras da região metropolitana. Uma argila plástica de boa granulometria, foi suficiente. Para melhorar a plasticidade da massa usamos, também, 3% de bentonita. Esta bentonita é encontrada e vendida a uns 5 km da minha casa. Aliás, a uns 200 metros da minha casa tem um barranco de bentonita. Por aqui chamam de argila coloidal. Para complementar, caulim e sericita. Esta sericita é uma rocha de sílica e alumínio, vendido por uma mineradora também aqui da região metropolitana de Curitiba. Para finalizar, um pouco de talco, para dar resistência ao choque térmico. Diminuimos a concentração de carbonato de cálcio para 5%. Chega deste produto, a partir daqui, subindo a temperatura da massa, não usaremos mais o carbonato de cálcio, pois não é recomendável. Depois disso, é começar a preparar a massa.
Interessante desses encontros é que a massa deve ser produzida no próprio dia. A argila compro a granel, portanto vem em pedaços. Isso causa algum problema para preparar a massa. Por isso, como técnica é o seguinte: pegamos a argila em pedaços e quebramos em pedaços menores e mergulhamos na água. Deixamos descansando no horário do almoço. Como já sabemos a quantidade de água que vamos usar, em torno de 30 %, já colocamos uma parte dela no galão com a argila. Os demais componentes da massa estão prontos em pó, normalmente em malha 200. Somente o talco que comprei numa malha mais grossa, pois achei interessante e também pelo teor de magnésio alto. Depois disso, misturo os componentes em pó com a argila que já está amolecida e passo numa maromba extrusora (amassadeira). Resultado? Excelente, argila pronta para ser levada para casa e ser testada novamente e ver os resultados. Claro que talvez precise de um acerto. Mas a composição está sendo feita usando minha prática no preparo de massas e, também, baseando-me na literatura existente. Para isso, fiz comparaçõs b ibliográficas do Maestro Chiti, Claude Vittel e observações de outros ceramistas. Apenas o maestro Chjiti é que se preocupa com a produção de massa para uso artístico/artesanal. Ainda tem que se considerar que as argilas, feldspatos, caulins, são diferentes de lugar para lugar. As análises das matérias primas são precárias, mas é possível levar em consideração a formulação teórica, com isso chegamos bem próximo à composição real.
Nestes encontros de produção de massa rola uma energia possitiva de aprendizado que é muito interessante. Uma troca entre as pessoas. Fazemos um almoço comunitário e fica bem variado pois cabeças diferentes com diferentes linhas de alimentação encontram-se e oferecem o que fazem e gostam.
Ah, sobre o teste de retração e perda de peso, é simples e fazemos da forma tradicional, cujo resultado ajuda a compreender o material com o qual estamos trabalhando.Cortamos uma placa de 8 mm de espessura, 3 cm de largura e 12 cm de comprimento. Marcamos uma linha de 10 cm e pesamos. Depois de seca, medimos a retração e o novo peso.Depois de biscoitada, idem, assim como depois de ter sido queimada novamente na temperatura em que será vitrificado a peça feita com o resto da massa.
Nas fotos, aqui no meu espaço o Grupo Massa, como chamamos, faltando ainda mais 3 participantes. A foto do fogo que achei interessante a figura e a foto das garças que deixo prá vocês sentirem a onda...

Nenhum comentário: