domingo, 3 de abril de 2011

R A K U - VIVÊNCIA






Pediram-me que explicasse como funcionam as Vivências. Vivência não é só um dia de trabalho. Tem a interação entre as pessoas sem aquela chatice de dinâmicas, mas, simplesmente, caminhando pelo espaço da chácara que tem rio e cachoeira, mais as plantas e porque estamos na região da Serra do Mar.
Para as Vivências de Raku, eu preparo algumas soluções de vidrados muito simples, mas acredito que sejam as mais interessantes em termos de aprendizado. A literatura está forrada de formulações e aí qualquer pessoa poderá colecionar umas centenas de variações. Todavia, gosto de trabalhar com base alcalina, partindo do princípio de que não é toxica. Pode ser usada em utilitários. Por isso, como comprar uma frita alcalina é meio difícil, porque simplesmente não se consegue comprar, no Brasil, pequena quantidade de base alcalina, com composição química e temperaturas de fusão definidas. Quem souber, por favor me avise. Sei de alguns fornecedores, mas a quantidade mínima é grande e o preço, idem. Então, para simplificar, compro o CMF 096, vidrado alcalino. Para ao vidrado de raku, transparente, simplesmente este vidrado é suficiente. Camada fina sai um vidrado transparente. Para que craquele, basta que se deixe fora do forno, após retirar quando atingiu a temperatura desejada, um ou dois minutos até escutar o barulho característico do craquelamento (vidro trincando). A colemanita acho uma rocha fantástica para usar em raku. Ela sozinha já dá um efeito bonito.
Vejam, em cima disso é que eu trabalho, depois explico o que vai acontecendo. Adiciono os pigmentos naturais mais conhecidos que são os óxidos de cobre, cobalto, cromo e uso, também, argila de barranco para escurecer um pouco o vidrado, pois o vermelho das argilas naturais é o óxido de ferro. A redução é feita com serragem, que além do esfumato reduz o cobre verde para vermelho.
Para opacificar dá prá usar o óxido de estanho, o melhor, zinco, titânio e também o caulim só que este último é um pouco mais duro, quero dizer, tem ponto de fusão mais alto devido ao alumínio, por isso não dá prá carregar. O óxido de cobalto com o estanho dá uma deliciosa mescla com partes que não se misturam, que chamei de textura manchada.
Assim que preparo as soluçòes. Fica fácil, então, entender como são as soluções, claro que tem um pouco de CMC, peneiro as soluções em malha adequada, tem as técnicas de como passar o vidrado, por pincel, vertimento, principalmente. Como velar algumas partes para que o vidrado não seja absorvido pela peça. Vejam, assim, vou indo, explicando, deixando claro todo o processo para que qualquer pessoa interessada possa fazer sua própria experiência e dali saltar prá frente com característica própria.
Para preparar uma boa massa de Raku, que resista ao choque térmico sem problema também explico como misturo os componentes que resistem ao choque térmico. O talco, chamote e areia, principalmente. As massas eu mesmo preparo. Normalmente uso uma massa de coloração rosada clara, as brancas dão mais contraste com o negro, porém as rosadas resistem melhor ao choque térmico.
Esta é a parte prática da Vivência, mas tem o dêpo, depois que é o espaço onde acontece a Vivência e a culinária, que é outro capítulo, à parte.

2 comentários:

Silvio Neri disse...

Narciso,
Cheguei em seu blog pesquisando sobre fornos a gás. Parabéns! Estou vendo que vou encontrar técnica e inspiração por aqui. Estou só começando a por a mão na massa, mas alguns amigos e eu pensamos em fazer encontros e experiências. Pode nos ajudar com o projeto de um forno? Forte abraço!
Silvio (silvio.neri.0@gmail.com / silvio.neri@terra.com.br)

. disse...

Sim, claro! Escreva pro meu email detalhando o que vocês querem. Tenho o forno de fácil construção do qual tem reportagem. Aguardo teu retorno.
Gilberto.