quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

VIVENCIA DE RAKU 12/12


No dia 12 deste mes aconteceu a ultima Vivencia de Raku do ano. Voltam as velhas praticas cada vez mais maceteadas, simplificando para que todos aproveitem em sua totalidade. A Vivência sempre tem algo mais, pois permite um entrosamento descompromissado com as pessoas e o trabalho é lúdico. Não existe uma obrigação de obter um resultado que seja fantástico, embora seja procurado. Perder o medo de errar é importante. Não ter medo do ridículo, ou seja, entregar-se à experiência sem se importar se o resultado não será apreciado pelos demais, mas, sim, encontrar uma forma gostosa de entregar-se a um momento, com intensidade. Os resultados simples quase sempre são os melhores. Normalmente as pessoas querem empanturrar a superfície de vidrado e, depois, o resultado não fica aquelas coisas. Eu, particularmente, gosto do gestual, do vidrado sendo passado em movimento. Isso é o que procuro é o que me interessa. Estou sempre atrás de um movimento que considero adaptar-se perfeitamente à peça. ESta tem que ser analisada em sua totalidade e buscar o vidrado que nela se encaixa. Depois, estudar o gesto, o movimento que, rapidamente, vai dar a cobertura que combinará com a forma. Ainda tem a cor que melhor vai realçar as qualidades das peças. Tenho procurado em pesquisas bibliográficas muitas formulações de vidrados para Raku, mas acho que a pesquisa tem que ser individual, pela compreensão dos vidrados e, então, inventar uma formulação que seja inusitada, que surpreenda. Os óxidos corantes mais usados são o cobalto, o cromo, o ferro e o cobre. O cobre, sim, pela sua coloração verde ou azulada, dependendo do vidrado, se é alcalino ou plumbico, e, ainda, com a imersão em serragem, reduzindo o oxido de cobre à sua forma metálica, sempre chama mais a atenção. Quando o efeito mescla as duas cores, o verde e o cobre, as peças combinadas com o preto da serragem, sempre é muito bom. Mas o efeito lambido, certinho não é o meu caminho. Procuro o rustico, a "simplicidade elegante", conceito zen que é a própria definição do Raku. Ainda sobre os vidrados, acho que o ceramista que está interessado em aprender deve começar por entender como funcionam os vidrados. Quais são os fundentes, o que é o vidrado propriamente dito (sílica, borax, vidrados alcalinos de sódio), e o feldspato como agente que controla a massa vítrea para que seja melhor distribuida num espaço de temperatura maior. É preciso, então, estudar um pouco sobre as formulações de Seger, ou seja, os grupos, alcalino, neutro e o ácido. Daí poder ficar mais fácil inventar formulações que sejam inéditas e que caracterizem de forma única o trabalho individual. Pode-se trabalhar com o borax, colemanita em vidrados borácicos. Também o Carbonato de sódio para formulações azuis belíssimas conhecidas milenarmente. Depois com o transparente alcalino ou plumbico vendido em lojas de cerâmica pode muito bem ser usado com os óxidos corantes. Não gosto do plumbico porque em redução fica meio cinza e perde muito a qualidade transparente. Para opacificar pode ser usado o óxido de estanho a 14%. Depois, só experimentar.
A Vivência tem, ainda, uma outra parte, que fica ao encargo da Beatriz, a chef que aparece na fotografia. Vestida à caráter ela é a responsável pelo almoço e pelo lanche de encerramento. Com seu amplo conhecimento culinário ela agrada a todos com seus preparados deleciosos, com o olhar na saúde, usando o que tem de melhor para alimentar bem o corpo e o espírito.
Para completar a Vivência, o espaço onde ela ocorre é muito agradável. É numa chácara e que tem 50% de área de preservação. O enfoque é Natureza = flores, frutas, árvores. Com isso tudo, as Vivências sempre acontecem num clima de congraçamento num alto astral e os resultados são muito gratificantes.

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