terça-feira, 27 de outubro de 2009
VISITA DOS CERAMISTAS DE TIBAGI-PR
Nesta quinta-feira, dia 22 de outubro, recebi a visita da turma de alunos de Cerâmica Básica de Tibagi-PR. Neste começo do ano dei dois cursos nesta cidade, os quais aparecem em reportagens anteriores.
Foi muito interessante esta visita, muito real e emocionante. Emocionante, primeiro, porque trouxeram os vídeos das queimas que fizeram, sozinhos, independentes. Foi muito bom. Para isso é que se presta um curso. O resultado foi excelente, a queima perfeita, todas as peças muito bem queimadas.
A turma uniu-se e conseguiu superar a inércia que impede o desenvolvimento e mandar bala num resultado prá lá de compensador. Vejo que exemplos desta natureza compensam o investimento e não só isso, mostram que, realmente, existe a possibilidade de se desenvolver um trabalho de geração de renda que resulte em independência para as pessoas. A cerâmica é uma atividade muito atrativa e as peças cerâmicas são estimadas por turistas e mesmo pelos os próprios habitantes da cidade. Assim, Tibagi, aqui no Estado do Paraná, com seu enorme potencial turístico que só é comparado a Fóz do Iguaçu, devido às cataratas, por Vila Velha, pela sua formação geológica de rara beleza e pela Serra do Mar em Curitiba,que tem o trajeto de trem atravessando o pouco que resta da Mata Atlântica, pode desenvolver seu comércio de forma concreta e conseguir um retorno imediato, é somente trabalhar.
A visita desta turma no meu ateliê preencheu um dia de muita atividade verbal, gastronônmica, e, também, para entrosar nos outros assuntos que sustentam a vida de cada um. Quero dizer com isso que não é somente o trabalho que aparece nestas situações, mas a vida que a pessoas levam, como elas sobrevivem, quais são os motivos que as direcionam para adiante. Nosso mundo está totalmente virado pelo avesso nas aspirações, pois as propagandas enganosas que se vê por toda parte em out-doors, comerciais televisivos, leros leros furados sobre o que é real nesta vida, tendem a distorcer o objetivo individual e coletivo.
O que pretendo sempre passar nos meus cursos é a possibilidade da pessoa, com seu trabalho cerâmico, tornar-se independente, livre de todas estas pressões de trabalho com horário marcado, não ficar sem trabalhar, mas ser independente, fazer seu horário, poder matar um dia ou outro de trabalho para fazer o que quiser, transferir seu horário de trabalho a seu bel prazer. Isso é muito bom, torna a pessoa melhor, dá essa sensação de liberdade que a gente precisa para encarar o sistema.
Desde que, pela primeira vez, estive na cidade de Tibagi, quando participei de uma Caravana Ambiental pela Secretaria do Meio Ambiente do Paraná, e que fazia pouco tempo que ela, a cidade, tinha recebido o título de A Melhor Cidadezinha do Brasil, eu notei o enorme potencial em termos de desenvolvimento de cursos de geração de renda. É claro que Tibagi já é famosa pelo seu Carnaval, que traz um desenvolvimento artístico muito interessante. Portanto, tem espaço em vários setores: artístico, artesanal, comercial, etc.
Com esta visão de futuro é que estou planejando apresentar para a cidade um projeto mais amplo de cerâmica, que vá além da Cerâmica Básica, de queima apenas do biscoito. Mas começar com um plano completo, treinamento, queima de baixa temperatura, com vidrado, alta temperatura, raku e os vidrados mais simples de cinzas, rochas e ainda com as argilas locais, misturando o que a cidade tem na natureza e sempre com cuidado com o meio ambiente. Ter em mente o objetivo principal que é viver melhor, participar dessa roda da vida do Universo com dignidade, porém com uma noção bem clara de limites para não ultrapassar as marcas do excesso individual em detrimento das gerações futuras.
Senti-me fortemente agradecido a esta turma de Tibagi e também feliz por ver um trabalho gerando frutos positivos.
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