domingo, 6 de setembro de 2009

Cerâmica Básica - Piraquara-PR


Nesta semana iniciei um mcurso de Cerâmica Básica em Piraquara, patrocinado pelo Senar. Novamente, procurando argilas locais para composição de uma massa básica. Primeiro busquei uma argila plástica, depois mesclei com outra anti-plástica e mais um pouco (10 a 20%) de chamote de tijolo. Este chamote de tijolo é simplesmente tijolo moído à marteladas ou pedradas e posteriormente peneirado em malha mais ou menos 20. Esta adição de chamote é essencial para massas desconhecidas. Se bem que junto com a preparação das massas, faço uma placa teste e depois vejo o resultado. Esta placa teste é para ver a retração de secado e queima, bem como entornamento e resistência à quebra (flexão). O chamote ajuda na secagem, no entortamente, e o resultado ainda pode ser melhor até em resistência. O chamote e um pouco de areia fina, de rio, 5 a 10%, melhoram as massas que uso para confeccionar panelas. Peneiro e malha 20 - 25 estes materiais anti-plásticos. Até porque peneiras com estas malhas podem ser encontradas em casas de materiais de construção. As panelas para poderem resistir ao choque térmico precisam do chamote e da areia. É claro que a adição de 15 a 20% de talco (Silicato de Magnésio) é o que dá o melhor resultado. O talco é o produto por excelência para resistência ao choque térmico.
Ensino também as técnicas básicas para produção cerâmica: placas, rolinhos, modelado livre, como colar a cerâmica,etc. Todavia, quase nunco sigo uma norma rígida para as aulas. Vou vendo o estágio e grau de interesse de cada um e dando uma assistência direta, individual e quando surge algo que aos demais tem valor, repasso para todos no mesmo momento. Depois de alguns anos dando aulas descobre-se um método especial particular e que satisfaz ao educador, acredito. Penso que cada pessoa tem sua forma de melhor se expressar e isso dá resultados mais concretos quando se encontra este caminho.
O forno artesanal que inventei baseado em modelos que pesquisei tanto em literatura quando na prática nas cercanias de Curitiba, principalmente, tem funcionado perfeitamente. Algumas melhorias fui implementando ao longo das construçõs e hoje, quando já construí mais de 20, posso responder com certeza de que ele tem um bom funcionamento e é baratíssimo. Podem ser de tijolos comuns de 2, 4, 6 furos, maciços, refratários, isolantes. Com todos eles já construí. Todos funcionam. Vou adaptando para o tipo de tijolo que se encontra na região ou na cidade em que vou construir o forno.Sigo um modelo de volume interno de mais ou menos um cubo, com tiragem direta. O arco romano para a abóboda é muito simples e a zimbra (armação para construir o arco) é muito fácil de ser feita. Como melhorias, que fui aprendendo ao longo do tempo, a primeira delas foi uma abertura na parte posterior do forno, junto ao chão, que funciona como uma entrada de ar, no pique final de queima das peças, pois alí este ar complementar é fundamental para uma boa combustão. Outra que achei excelente foi transformar os burados dos tijolos do arco da fornalha como entrada de ar. Eu não coloco massa tapando os buracos, mas deixo-os livres e quando a cinza vai acumulando devido ao tempo de queima ( 9 horas normalmente), esta entrada é valiosa. Além disso, costumo colocar, como última camada de revestimento, a mesma massa que uso para rejunte que é de 50% de argila plástica e 50% de anti-plástica, complementada com uns 30% de areia de rio, peneirada em malha 20. Depois, finalizo colocando capim junto com esta última camada. O capim serve para estruturar e impede as rachaduras. Todavia, se elas aparecerem, pode-se fazer o conserto completando com masssa essas rachaduras que porventura aparecerem.
No mais, é uma mão-de-obra, em apenas 4 dias buscar argila, compor uma massa, ensinar as técnicas básicas e ainda construir um forno. O tempo é escasso. O que vale é o interesse das pessoas e se o aprendizado está valendo para alguma coisa e não apenas umas pelotas de barro apertadas e alisadas para matar o tempo. O que compensa, realmente, é o aproveitamento do curso, não o que se ganha financeiramente. Daqui a uma semana voltarei para completar o curso com a queima e aperfeiçoamento das técnicas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por que no:)