quarta-feira, 25 de março de 2009

CURSO CERÂMICA BÁSICA EM TIBAGI-PR







Neste mês de março completei um curso de Cerâmica Básica na cidade de Tibagi, aqui no Paraná. Este curso foi patrocinado pelo Senar-PR. São 64 horas, oito dias. Neste curso construí, junto com os participantes, um forno na primeira etapa de depois na segunda etapa queimamos as peças. Este forno atinge 800 graus centígrados. Forno construido com tijolos comuns, de 4 furos. Usamos como combustível galhos finos de eucalipto para a parte final da queima. O eucalipto é uma lenha excelente para queimar cerâmica. A bracatinga e a vassoura também são lenhas ótimas, só que estas duas últimas são mais leves, gasta-se mais lenha, porém dão muita chama e quase nada de brasa, o que é uma vantagem. Saiu tudo certinho. Algumas peças apresentaram coração negro. O problema destes cursos, com relação à queima é que o forno é recém construído e ainda não foi queimado. Por isso, a primeira queima, já com as peças, fica mais difícil, o resultado ainda não é o melhor do forno. A queima é feita em 8 a 9 horas, ou seja, durante um expediente normal de trabalho. É tudo muito rápido.
Os participantes não conheciam queima de raku, por isso, para melhor ilustrar essa possibilidade levei meu forno feito em tambor de metal revestido com fibras cerâmicas, que é muito leve e cabe tanquilamente no carro. É uma mão de obra levar esse forno, mas o resultado é muito positivo e as pessoas gostam demais e anima a turma para trabalhos futuros, que é o meu objetivo. Sempre tenho que encontrar argila plástica na própria localidade para usar e ensinar como se prepara uma massa. Primeiramente procuro por uma olaria, para facilitar o trabalho. Se a massa da olaria for boa, posso usar diretamente no artesanato e isso economiza muito tempo. Todavia, em Tibagi, apesar de ter duas olarias, os tijolos fabricados são pouco resistentes e a massa não se presta muito para modelado. Ela presta-se bem para peças prensadas, como placas, por exemplo. Mas para confeccionar panelas não serve. Não tem resistência à tração. Arrebenta com muita facilidade. Procurei e não encontrei nenhuma argila plástica que susperasse essa dificuldade. Levei um pouco da argila plástica que uso, das margens do Rio Miringuava, de São José dos Pinhais, na região Metropolitana de Curitiba, misturei com as argilas de Tibagi e o resultado foi bom. Conclusão: o ideal é importar um pouco de argila plástica de outra região, o que deixo sugerido e com enderêço. No caso, argila plástica de Balsa Nova (também próximo de Curitiba).
O curso não tem continuidade, porque terminado o mesmo não retorno mais a Tibagi, a menos que solicitem este curso para o Senar. Isso não é bom, porque esfria o ânimo daqueles que participaram do curso. Entabular uma negociação junto ao poder público para montar um centro de cerâmica é complicado. Somente se conseguisse um patrocínio. Bem, Tibagi tem características diferenciadas e poder-ia fazer um trabalho da melhor qualidade. Por exemplo, em Tibagi já foi local de extração de diamantes, o que ainda é feito com produção baixíssima, mas tem a tradição do garimpo que que pode ser incorporado ao artesanato cerâmico, incluindo algumas pedras semi-preciosas que existe na região, principalmente nas bijuterias. Tibagi tem uma cooperativa com sede própria, onde a tecelagem é o forte do artesanato. Muito bem feito, usando principalmente lã de carneiro. Também pode ser usado cerâmica para compor o artesanato de tecelagem. Por isso, acho que Tibagi é um grande lugar para se fazer um trabalho completo, com resgate histórico, incorporação no artesanato local com design, etc. Tá lá, pronto, pedindo.
Este trabalho de cerâmica é tão intenso, exige tanto que, por vezes, esqueço de fotografar. Não é moleza! Procuro uma massa para trabalhar, para isso saio pelos locais conhecidos na cata de material usável. Ensino as técnicas básicas de cerâmica. Construo forno. Acabamento nas peças e depois queima. Tudo novidade. Sempre encontro pessoas com habilidades que aprendem rapidamente e , em seguida, já apresentam melhoria e alguns dão salto de qualidade. Isso é gratificante, por isso vale o esforço. Encontro, também, pessoas que já conhecem algum ofício de artesanato escultórico, como é o caso do Rosnei e do Reale, daí fica fácil para todos.
Tibagi é uma cidade que atrai muitos turistas. Já foi considerada, há poucos anos, a Melhor Cidadezinha do Brasil. O cânion do Guartelá fica a 20 km da cidade. Este cânion é belíssimo. Vem pessoas de toda parte para visitá-lo. Tem um parque com 800 hectares. Acampei nas cercanias do parque após o término do curso. Gostei demais de caminhar pelas trilhas e sentir as vibrações fantásticas daquele ambiente de arenito, formado no período devoniano. A foto é de lá. Numa delas aparece uma parte protegida com rocha avançando, formando uma proteção. Neste local encontram-se alguns desenhos considerados milenares.

5 comentários:

Rosney de Oliveira e Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rosney de Oliveira e Silva disse...

Olá Mestre!! Que bom que Tibagi agora permanecera para sempre em sua memória, acampar no cannion, ver as estrelas ao som dos grilos e zunir do vento é divino!!... e inspirador para artistas como você! conte-me qual escultura ali idealizou?!! rssss
Um grande abraço e att um posterior momento!

. disse...

Aí, Rosnei! Dia 4 de maio estarei aí em Tibagi para a continuação do nosso curso.

Anônimo disse...

oi. participei de uma queima de raku recentemente, hoje.
fiquei querendo ter um forno de tambor para poder fazer minhas.
vc sabe quem constroi este tipo de forno? gostaria de entrar em contato. li sobre constriur um. fala-se em manta cerâmica. onde se encontra isto para vender? bom é isto. obrigada. débora.
e-mail - dolobato1@yahoo.com.br

ELIZE disse...

gostaria de saber mais sobre esse curso amigo , estou interessada em fazer ceramica moro no interior de goias . aguardo resposta