domingo, 30 de dezembro de 2012

COPPER MATE

Da primeira vez em que vi, num livro, algumas peças com a coloração iridescente do Copper Mate, gostei de imediato. Interessei-me pela técnica e tentei muitas vezes conseguir o resultado apresentado. É uma variante do Raku, com vidrado com alto teor de óxido de cobre.
Gastei bastante material, tentei várias técnicas. Algumas delas são inadequadas para brasileiros. Além disso, muitas das matérias primas tem de ser adaptadas, pois não temos à nossa disposição as mesmas lojas dos USA, principalmente. Aliás, livros franceses e ingleses são poucos. Os americanos é que pesquisam tudo e nós como bons colonizados recebemos as informações e tentamos reproduzir. Não estou dizendo que não temos nossas próprias direções e ineditismos. Aliás, a quantidade de assuntos papo furado que estão à disposição são imensas. Precisamos filtrar as informações. Bem, depois de gastar pilhas de jornal, álcool e muito gás com maçarico direto na peça, consegui que aparecesse o efeito e depois congelar a coloração pela ação da água, ou álcool. Aprendi como funciona o aparecimento do "iridescente", furta-cor!
Essa pesquisa, como toda a pesquisa, é gratificante pelo resultado. Todavia, a surpresa depois de passados dois anos, é desagradável. O iridescente perde sua coloração depois de passado esse tempo. O esmaecimento começa aos poucos e agora, passados 4 anos do belíssimo copper mate que consegui, algumas peças que me restaram (outras vendi!) estão "desmaiadas".Lamento pelas peças que passei adiante sem ter dado o devido alerta de funcionamento por prazo determinado....Uma ou outra pessoa conhecida que comprou até posso encarar diretamente o que aconteceu. Mas para as outras que nem sei por onde andam, nem quem foram, lamento. Aliás, esse negócio de peças vendidas e que depois de algum tempo apresentam problemas tem que ser encarado dentro de uma estatística aceitável, não dá prá vender tudo com problemas, mas os problemas acontecem e não há nada a fazer. A foto com a coloração fraca é de 4 anos atrás e a outra "reativei" há alguns dias. Enquanto isso, a primavera terminou e o mundo não. Mas as flores com esse nosso planetinha, aqui na latitude sul 25 graus, com sua temperatura aumentando, estão lindas. Vejam as helicônias aqui de casa que aproveitei num arranjo juntamente com uma flor de alho poró. O vaso é de alta, bem rústico, com fundo interno cheio de vidro derretido de pedaços de antigos frascos de leite de magnésia philips (encontrados quebrados no meu terreno), azul cobalto....

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

SALÃO/2013 E SIMPÓSIO DE CERÂMICA-CURITIBA

A notícia espalhou-se. No Próximo ano teremos o Salão de Cerâmica Paranaense, novamente. Confirmado, também, o Simpósio Bianual. A informação é auspiciosa. Finalmente, poderemos contar novamente com este evento de grande importância para a Cerâmica Paranaense e também, por que não, Brasileira. A troca de informações, os encontros, até os negócios que acontecem nestes eventos tornam o espaço interceramistas mais curto, mais integrado. O SALÃO DE CERÂMICA é uma referência Nacional. Ficou um vazio que agora está novamente sendo preenchido. Vale a pena o Salão. Centenas de ceramistas dedicam-se para expor seus trabalhos, dar visibilidade que, de outra maneira, seria praticamente impossível. Além da democratização deste acontecimento, pois todos, em qualquer cidade do país, terão acesso e poderão mostrar para aprovação e confrontação de outros trabalhos. Não se trata de gincana de competição entre este ou aquele ceramista, mas, principalmente, para mostrar que faz samba também. Isso valoriza o ceramista, melhora o preço de seu trabalho.Fora do eixo Rio/Sampa é necessário que as coisas aconteçam. Não tem mais motivos para não ser assim. O contato com a cerâmica mundial é acessível, porém o encontro viabiliza a imagem direta, interage, de maior valor. Temos motivos para parabenizar a Secretaria Estadual de Cultura por atender a esta necessidade de desenvolvimento artístico, técnico e cultural de sua comunidade. Beleza!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

OFICINA RAKU E FORNO-IBIRAQUERA-SC(digitando)

Construí, a pedido, um forno de Raku, em inox, para ser usado no litoral, já que a maresia acaba com os tonéis de ferro. Estes são baratos, mas de curta vida. O forno partiu do tamanho da peça que se queria queimar com essa técnica = 75 cm de altura. Então, o forno,além deste tamanho precisou mais 25 cm da câmara de combustão. Altura total, 1 metro e cinco centímetros. A partir daí defini a largura, formato cilíndrico, depois a abertura da entrada de gás e saída superior. A potência do maçarico é uma conseqüência destes dados. Aliás, todos estes dados estão inter-relacionados. Para calcular este forno usei o método do Maestro Chiti. O material usado foi a fibra, internamente, presa com botões refratários. Este material não é recomendado pelo Maestro, que, aliás, abomina, devo ressaltar.
As soluções foram inventadas e a solda com inox sempre apresenta alguma dificuldade, bem como modelar as barras de aço e as chapas. O resultado foi excelente, com apenas um maçarico foi possível fazer a queima, no tempo que se quiser, 30 minutos ou uma hora. Mais rápido que trinta minutos somente com massa preparada para isso, com boa quantidade de materiais que resistam ao choque térmico = talco, chamote e sílica. Foi uma jornada excelente com pessoas muito a fim de aprender a técnica e manusear o forno. Rolou o mais alto astral, bem bacana mesmo. Além da oficina ter acontecido às margens de uma lagoa que tem conexão com o mar.
O aprendizado das técnicas de Raku, como estou acostumado a fazer, é simples. O início deve ser sempre, eu acho, usando vidrado transparente, alcalino, com os corantes mais usados, cobalto, cobre e cromo, depois os opacificantes. Assim, cada pessoa pode começar a pesquisar, conhecendo o comportamento mínimo dos vidrados. Evido o uso de vidrados à base de chumbo, porque o iniciante, precisa tomar cuidado redobrado. Assim, de pois de consolidada a técnica, fica mais fácil preservar-se dos vidrados plúmbicos.
O vidrado com baixo percentual de cobalto dá essa coloração azul suave, celeste.

CACATU-ANTONINA-PR

Acho que já foram 4 cursos de 8 dias que ministrei na Comunidade de Cacatu, Município de Antonina, no Paraná. Tem algumas pessoas organizadas que
tem a cerâmica como, presentemente, uma forma de ampliar o seu rendimento. Estes cursos, patrocinados pelo Senar - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, tem como objetivo real o de promover ensinamentos técnicos e artesanais na área rural. O grupo tem melhorado, apesar de não ter nenhum apoio externo e ser obrigado a
ter outras atividades para sobrevivência. Mas, mesmo assim, aos poucos, tem melhorado e bastante na sua qualidade de modelado. Vem à tona o velho problema de investimento para melhoria. O grupo já conseguiu um torno de pedal. A massa cerâmica tem sido resolvida de forma simples, porém, efetiva. Inclusive como inovações na produção de massa sem pedregulhos. O Jorge, que é uma pessoa do grupo, usa uma furadeira manual com agitador adaptado para misturar bem os componentes da massa, depois passa numa peneira culinária e deixa secar sobre uma placa de gesso, dry wall. Funciona e muito bem, até aprendi com isso e vou usar noutras comunidades que querem trabalhar com massas produzidas na própria comunidade.
Cacatu é uma localidade de grande beleza cênica. Todo o paredão mais fantástico da Serra do Ma
r do Paraná está debruçado sobre esta região. O Pico Paraná está próximo, mais os outros principais picos, o Ceririca, Caratuba, Ferraria, Itapiroca, Morro do Sete, Anhangava e o Marumbi, todos estão visíveis. É espetacular. NOs momentos de iluminação de início e final do dia, sempre registro com a minha DX-40, velhinha, Nikon, companheira. Sem falar que na propriedade também passa um delicioso rio de águas cristalinas que pude desfrutar no início e final do dia, num caiaque leve, remando rio abaixo e rio acima. Deliciosa lembrança da minha infância, quando acreditava que o mundo resumia-se àquilo mesmo= NATUREZA!
A fauna de aves também é farta e com a primavera os sons matinais enriquecem o acordar. A variedade é grande.
Os sacos pendurados são ninhos de Guaxo, ou Nhá Pindá, ou Tecelão. Uma árvore lotada de ninhos, sobre o rio.