quarta-feira, 3 de agosto de 2011

VALE DO SOL - Litoral Paraná-Agosto/2011




Estou dando aulas de cerâmica em Morretes, no litoral, praticamente, do Paraná. É na comunidade Vale do Sol. Já tinha vindo aqui no ano passado. Neste meio tempo, fui um dia e construí, num esforço conjunto, um forno para assar pães e, também, para carnes, pizzas, etc. Essa construção foi em março deste ano. Fiquei muito feliz em ver que o forno tem sido aproveitado e representa, hoje, uma economia de custo, pois são assados mais 20 pães por semana, fora outros assados. Isso dá um reflexo em economia de gás e facilidade de trabalho. O forno de pão também é construído nos mesmos moldes do forno de cerâmica. Uso, inclusive o mesmo suporte para fazer o arco, a zimbra. Vejam pela foto que o forno de pão tem tudo a ver com o forno de cerâmica. O Negócio é que os dois funcionam super bem. No forno de pão é feito um respiro na parte posterior que pode ser regulado na queima, permitindo um controle de entrada de oxigênio pela frente, dando a circulação desejada. Sabem, um forno tem que funcionar como um carburador de carro, se sair fumaça é porque está faltando ar ou porque tem excesso de combustível, a relação é direta, juntamente com a capacidade do forno. Não adianta colocar mais combustível do que pode suportar o forno. Tem que ser na medida certa e daí regular a entrada de ar.
Nesta comunidade, o trabalho é comunitário, todos agem conjuntamente. Uma turma faz a comida, outra a limpeza, alguns cuidam da horta, etc, todos modelam.
Tenho especial prazer em vir dar aula neste lugar. O trabalho é muito gratificante.Rapaziada esperta, alerta, atenta, pronta para dedicar-se ao que se apresenta. Inclusive, com um comportamento que achei necessário expandir para o resto da humanidade. Na relação entre as pessoas existe sempre um alerta para o exercício da humildade. Tudo muito suave e com jogo de cintura.
Não exerço uma pressão de trabalho. Deixo livre e vou entrando na técnica à medida em que ela se faz necessária. Quando aparece uma dificuldade ela é solucionada com a técnica. Por exemplo, nas esculturas, os braços sempre são um problema, devido à fragilidade própria da cerâmica. Assim, como forma de contornar isso, colocam-se os braços praticamente grudados ao corpo. Quando o problema surge, resolve-se. Assim, também, as demais técnicas, como colar duas partes, cordelados, placas, etc.
O principal é não barrar a velocidade, a vontade de seguir um movimento, é nisso que me apego. Não podo, por causa da técnica, sua necessidade vai se impor com o desenvolvimento do trabalho. Formar um bom clima de camaradagem de mostrar as coisas boas da cerâmica, de seguir os passos milenares desta tecnologia ancestral, é o mais importante, acho.

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