sábado, 20 de setembro de 2008

VIVÊNCIA-FERACOMCIÊNCIA- R A K U


Mês de setembro e agora de outubro está sendo de muita correria. Ministrei várias oficinas de Raku. Primeiro a Vivência aqui no meu ateliê. Fantástica, com 11 participantes. Criou um clima muito bom, as pessoas mostraram grande interesse e o resultado apareceu, apesar de ser apenas um dia. Mas, sendo uma Vivência, o bom é o dia agradável, tranquilo, com boa onda e comida deliciosa. Assim foi. Ao saírem da Vivência as pessoas combinaram encontrar-se noutro dia para leros leros, tangos e boleros. Com essa mesma turma acabei indo assistir a um show de música italiana com um gancho na música brasileira, promovido pelo Consulado da Italia, chamado "A Vida é a Arte do Encontro". Foi organizado pela italiana Elvira, do Consulado, uma participante da Oficina. O título é sugestivo para continuação da Vivência.
Participei do Projeto Paraná em Ação, em Curitiba, ministrando 2 oficinas de Raku por dia, durante 6 dias. 12 queimas. Era para os alunos das escolas públicas Curitibanas e o povo que estava visitando o local e aproveitava para conhecer a queima de Raku e já participava passando um vidrado numa peça que estava à disposição, previamente biscoitada. Até os garis que faziam a limpeza da praça aproveitaram o momento e fizeram uma peça cada um que depois levaram para suas casas. Enquanto a queima estava acontecendo eles voltaram ao trabalho, retornando para a abertura do forno e limpeza das cerâmicas, resfriadas no ato, como acontece nesse tipo de queima. Foi interessante, o povo, alunos, as pessoas que participavam do próprio projeto, em frente ao Palacio do Governo, vieram conhecer a técnica e levar o resultado embora. O Raku realmente é uma forma alegre de trabalho cerâmico, muito rápido, eficiente e mesmo para pessoas que nunca tiveram experiência anterior de cerâmica o resultado é sempre positivo.

Participei, também, do Projeto Fera Comciência, da Secretaria Estadual de Educação, em Curitiba. O tema deste ano é a comemoração dos 100 anos a imigração japonesa. Aí é que o Raku se encaixa, como também nas oficinas anteriores. Técnica cerâmica de origem coreana e desenvolvida no Japão onde é usada desde o século XVI. O Projeto Fera Comciência é fantástico que não pode perder sua energia, pela grande quantidade de informações que os alunos da rede pública recebem e que são inesquecíveis para eles, pois nossa população que não tem condições de frequentar as escolas particulares também não tem condiçòes de frequentar nada. Só o fato de participarem de um evento artístico-científico já é inesquecível. A oficina era a mesma do Paraná em Ação, somente que para professores da rede pública. Foi muito interessante porque participaram professores de química, biologia e artes. A técnica de Raku é muito ilustrativa no caso da química, onde presenciamos visualmente um caso clássico de reação química de óxido-redução. Costumo ilustrar essa reação química com o pigmento óxido de cobre que é um verde usado nos vidrados. Quando se observa um fio de luz de cobre, que é vermelho, oxidado, aparece uma película esverdeada, é o óxido de cobre. Nos tachos de cobre também a oxidação deixa uma mancha verde que popularmente é conhecida como zinabre. Não confundir com cinábrio que é o mineral sulfeto de mercúrio. Bem, quando o óxido de cobre é misturado num vidrado transparente o resultado, após a queima, é a cor verde ou turqueza, dependendo da qualidade do vidrado (base plúmbica ou alcalina). Como a técnica de Raku usada no ocidente é um pouco diferente, criada pelo americano Paul Soldner, temos um sincretismo cerâmico nipo/ocidental. Lá a peça cerâmica quando,dentro do forno, atinge a temperatura de 1000 graus centígrados, é sacada para fora do forno e imersa nágua, para resfriamento imediato. Paul Soldner resolveu colocar primeiro na serragem, onde acontece uma redução forçada.Aí ocorre a redução química. A serragem, matéria orgânica, devido à alta temperatura, queima imediatamente, todavia, para a sua combustão necessita de oxigênio. Como no meio da serragem tem pouco oxigênio e a tampa do recipiente costuma-se fechar para melhor redução e ainda evitar a fumaça da queima, a serragem retira o oxigênio do óxido de cobre, transformando-o em cobre metálico de cor vermelha. O vidrado que seria verde torna-se vermelho. Exemplo claro, fácil de compreender. Possivelmente algum professor utilizará este processo para ilustrar sua aula, principalmente porque a química é encarada como uma matéria muito chata de difícil compreensão. Para os professores de arte o resultado final da queima é bonito e admirado.
Os vidrados Sangue de Boi, Celadon e Temoku, clássicos vidrados japoneses, também são obtidos com redução, só que a redução ocorre dentro do próprio forno e em alta temperatura, acima de 1250 graus centígrados.
Foram dias corridos, mas gratificantes...

Um comentário:

grirgia disse...

prof, quando tiver nova turma de RAKU,me avise. Obrigada