MATÉRIAS PRIMAS:
Um assunto muito mal explicado é sobre a Toxicologia das Matérias Primas cerâmicas usadas por todos os ceramistas que conheço. São contraditórias, as informações, às vezes, ou incompletas. Num Simpósio de Cerâmica em Curitiba há uns 8 anos algum palestrante falou sobre os materiais tóxicos. Foi muito claro ao dizer que as informações reais e pesquisas sobre os efeitos do uso sem cuidado de produtos tais como o Selênio, Cádmio, Vanádio, Chumbo, Bário, mais outros, praticamente eram inexistentes. O que se conhecia muito bem era sobre a Sílica e a famosa silicose, contraída há séculos por empregados escravos de mineradoras que viviam em subsolos cavando para enriquecer alguma pessoa sem escrúpulo que pouco se lixava para o que acontecia com aqueles pessoas que, possivelmente, nem eram consideradas Seres Humanos, apenas mão de obra, mas isso é outro assunto, mas que está interligado. Está interligado porque as empresas continuam vendendo seus produtos sem que saibamos exatamente o que estamos usando e suas consequências para o uso sem cuidados. Por exemplo: quando alguém vai comprar um CMF qualquer para uso de pequeno ateliê, ou qualquer outro vidrado, apenas vê, no rótulo, ou não, uma caveira. Significa que é tóxico. Mas, POR QUE? O que contêm aquele CMF ou outro vidrado com outra referência? Qual a composição química do vidrado, qual o percentual de cada componente. Qual o cuidado que se deve tomar, que medidas em caso de ingestão? Tem vidrados que para serem usados no ateliê, é preciso saber a composição, para equilibrar, para adicionar outro componente, etc. Assim vamos continuando, por tentativas para chegar ao resultado desejado.
Praticamente todos os óxidos metálicos, pigmentos são tóxicos, em maior ou menor proporção, deve-se evitar inalações de qualquer produto. Ingestão, nem falar é proibido. Devemos considerar, por motivo de segurança, que todos os produtos são tóxicos e tomar os cuidados necessários.
CADA VIDRADO DEVERIA SER ACOMPANHADO COM A INFORMAÇÃO NECESSÁRIA SOBRE ELE: SE É TÓXICO, QUAIS OS CUIDADOS, ETC., ETC.
O primeiro livro completo sobre o assunto que vi e ainda uso é o do J.F. Chiti do Instituto Condorhuasi, Buenos Aires, chama-se
TOXICOLOGIA CERÁMICA. Acredito que possa ser encontrado em algum lugar para comprar ou entrando em contato direto com o Instituto do Maestro.
O
DICCIONARIO CERÁMICO, 3 volumes, do mesmo autor também informa sobre o assunto e é o mais completo livro informativo sobre cerâmica, eu acho.
Se alguém souber de outro livro que possa ser comprado, sobre toxicologia cerâmica, agradeceria se desse o endereço, quero comprar tudo o que conseguir sobre este assunto.
O Robbin Hopper e outros autores americanos falam sobre a toxidez dos produtos cerâmicos, embora não sejam completos.
ÁGUAS RESIDUÁRIAS DE PEQUENOS ATELIÊS:
E como ficam as águas reziduárias dos pequenos ateliês?
Sei que é uma chatice ter que cuidar dos resíduos de lavagem dos recipientes e ferramentas cerâmicas, pincéis, etc. É preciso desenvolver uma forma menos agressiva de eliminar os resíduos e não contaminar o Meio Ambiente.
Eu uso um sistema com 5 baldes, ou boiões. Deixo decantando durante uns 15 dias, num balde, depois repasso para outro balde aquela água aparentemente limpa, da parte superior, já com os materiais decantados para uma segunda decantação por mais um tempo. Daí é que considero mais ou menos limpa a água. Mesmo assim, aquele finalzinho sempre deixo no balde e depois incorporo ao primeiro balde. Melhora mais um pouco a qualidade da água residuária. Depois disso poderia passar por um sistema e filtragem simples com feltros e carvão ativado, mas nunca tive grana para poder implantar um sistema que já bolei há anos e que publiquei há algum tempo neste blog, feito com canos de pvc, feltro, areia, carvão ativado. Se alguém encontrar um patrocinador, ou lei de incentivo que patrocine, passo direto o assunto para ser implantado e distribuído gratuitamente ou vendido. Aquela água que considerei acima como limpa depois descarto. Sei que não é 100 % mas já é alguma coisa. Sobre o material precipitado na primeira etapa, pode ser usado para vidrados decorativos em peças NÃO utilitárias. Se a cor ficar meio sem graça, sempre se pode adicionar um azul cobalto, cobre ou cromo, obtendo-se, assim, um cor mais usável.
CUIDADOS NECESSÁRIOS NO MANUSEIO DE MATÉRIAS PRIMAS CERÂMICAS:
Primeiramente usar roupa própria: máscara, luva, boné, avental, camisas de manga comprida. Após o uso, lavar a roupa e descartar luva e máscara, nada de reaproveitar, lavando, etc.
Usar com muito cuidado todas as matérias primas, forrando a mesa com jornal, tomando cuidado para não espalhar pelo ateliê que deve ser varrido ou usar de preferência aspirador de pó. Não gosto muito de usar pano úmido porque vai entranhando no chão, no piso, na madeira, mas cada ceramista deve inventar sua maneira melhor.
SOBRE O FORNO:
O forno não deve, nunca, ficar em ambiente fechado. Aquela história de que o forno neutraliza os materiais tóxicos é meio esquisita. Como neutraliza? Possivelmente eles evaporam dos vidrados e condensam nas paredes dos fornos. Depois quando se manusear o forno, vai descolar das paredes e vai pra onde? Se o respiro estiver aberto durante a queima, vão sair e condensar nas paredes dos ateliês ou nos pulmões de quem estiver respirando. Melhor atitude: forno em lugar muito bem ventilado.
MAIS UM POUCO:
O bom senso deve funcionar, todos devem saber que estão trabalhando com produtos que podem agir de forma negativo no seu corpo e que metais pesados tem efeito acumulativo até chegarem naquela quantidade que vai aparecer em forma de doença. Já disse anteriormente, uma medidinha simples, mas de grande efeito é nunca engolir saliva enquanto estiver trabalhando e depois de trabalhar, limpar muito bem o nariz.
Fotos: A de cima, com o pinheiro e o Pico Paraná ao fundo, ponto mais alto do sul do Brasil, é minha paisagem preferida e esta em flor é uma bromélia, bilbérgia, gigante (quando abriu totalmente o cacho de flor mediu 80 cm)..