terça-feira, 5 de junho de 2012

SEMANA DO CERAMISTA/JOINVILLE

Ministrei a oficina de Raku em Joinville. Fiz formulações simples mas que abarcassem uma faixa de possibilidades grande. Por exemplo, uma base alcalina, opacificante e corante. Com isso, primeiro a base, que é o CMF 096, já é o Transparente. Para opacificar, ou seja, deixar branco, adicionar o óxido de estanho, SnO2, em proporções de 7 a 12 %. Vejam a peça com desenho em azul baixo vidrado é apenas o Transparente sobre cerâmica branca, dá um branco perfeito, ou seja, não é preciso opacificar o transparente quando a base cerâmica é branca. O desenho baixo vidrado é apenas óxido de cobalto com CMC(carboxi metil celulose) e água, direto na cerâmica, depois coberto com o Transparente, pela técnica de vertimento. Bem, quando temos um vidrado transparente opacificado, podemos colori-lo. Para isso usamos os óxidos metálicos, principalmente o cobalto, o cobre e o cromo. O óxido de cobre, na redução com serragem retorna para o vermelho da sua origem, o cobre metálico, perdendo seu óxido. Todavia, sempre precisamos tomar o cuidado de não usar serragem molhada, pois a água, ao evaporar, rouba temperatura e boicota a redução. A própria combustão da serragem produz água. Aliás, toda combustão produz água. Neste raciocínio quase ninguém comenta o fato de que todo esse combustível fóssil que estamos queimando no planeta está adicionando cada vez mais água (claro, com a respectiva dose de gás carbônico e ainda roubando o respectivo oxigênio da nossa atmosfera.Quanto mais fechado estiver o recipiente com as peças para a redução, melhor será a coloração preta de fumaça deixada na peça e melhor a redução propriamente dita. Outro vidrado que gosto é a fusão da colemanita. Dá resultado rústico, irregular, pois a rocha não é muito fácil de cobrir a cerâmica. Também para completar um espectro maior de vidrados para raku, uso um vidrado com cobre, cmf, pronto, verde turqueza, sempre fácil de obter resultado. As camadas grossas, no raku, sempre são melhores, a falta de vidrado dá um resultado péssimo, mas o excesso quase nunca. O cobre sempre apresenta a melhor transformação visual de redução, sua metalização retorna o óxido ou carbonato de cobre ao metal original, o cobre, de coloração vermelha. Na natureza poucos são os metais de colorações diferentes e apenas o ouro e o cobre, na cerâmica, destacam-se. As demais reduções, metalizam mas as cores, apesar de brilhantes, são sempre iguais, semelhantes às peças não cerâmicas cromadas ou niqueladas. As técnicas de vitrificação possíveis numa oficina rápida sempre acho que são as à pincel e o vertimento. A imersão necessita muita solução de vidrado e a aspersão não é recomendada em locais sem aparato próprio (capela). Apresentei, também, o conjunto de pinça e carrapicho para peças de bijuteria, como ilustração. Inventei, há muito tempo uma pinça para fazer imersão de peças furadas para bijuteria. Mostrarei a foto oportunamente e explicarei seu uso. Ainda ando incomodado com o uso do forno com fibra cerâmica. Assim como estou evitando usar vidrados de chumbo, selênio, cádmio, vanádio, por serem metais pesados, tóxicos, assim também quero abandonar o forno de fibra cerâmica por ser, a fibra cerâmica, tóxica. A praticidade do forno de fibra é notória, mas sua toxicidade, também. Um forno de tijolos isolantes, acredito que seja a melhor solução.
Mas a festa da Semana do Ceramista, de Joinville, foi um sucesso. Aconteceu no Centro Cultural Antarctica, com exposições e oficinas. A Casa da Cultura está sendo totalmente reformada para atender à comunidade com um espaço dentro de padrões de qualidade que todos merecem. Sou grato pela oportunidade que tive de conduzir essa rápida oficina.

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